Com receio, alguns santafessulenses deixaram de consumir carne

Publicado em 25/03/2017 00:03

Por Vinicius da Costa

A operação realizada pela Polícia Federal na última semana denominada “Carne Fraca” investiga um esquema que envolve funcionários do Ministério da Agricultura dos estados de Goiás, Minas Gerais e Paraná, que teriam recebido propina para liberar carne para a comercialização sem a fiscalização adequada. O esquema também envolve funcionários de alguns frigoríficos. As irregularidades encontradas nos frigoríficos vão desde uso de produtos químicos para mascarar carne vencida até o excesso de água para aumentar o peso dos produtos.
Diante da repercussão da operação, a União Europeia, China e Coreia do Sul anunciaram restrições temporárias à entrada de carne brasileira, esses países foram o destino de 27% da carne exportada pelo Brasil em 2016. O Chile também suspendeu temporariamente a exportação de carne brasileira. No fim da tarde da última sexta-feira, dia 17, o ministro da Agricultura, Blario Maggi, afirmou que proibiu, preventivamente, a exportação de carnes produzidas pelos 21 frigoríficos investigados na operação Carne Fraca, mas a comercialização dentro do Brasil foi mantida.
A equipe de reportagem de O Jornal entrevistou um açougueiro que não quis se identificar, que disse que na Quaresma a venda de carne tem uma pequena queda, mas a venda ainda continua a mesma. “Geralmente a Quaresma é algo que somente os católicos seguem e na nossa região possuímos diversas religiões que não cumpram esta abdicação e continuem consumindo a carne vermelha”, disse.
Quanto à operação Carne Fraca, o açougueiro disse que as vendas não foram afetadas. “Na nossa região a venda de carne não afetou os pequenos açougues, pois muitos deles compram carne de pequenos produtores da região. Sendo assim, grande parte dessas carnes é bem selecionadas, além disso, não usamos qualquer tipo de produto químico como conservantes, assim, o consumidor não é afetado”, afirmou o açougueiro.
A Secretaria da Educação de São Paulo suspendeu temporariamente, a partir da última, segunda-feira, dia 20, o consumo de carne na merenda oferecida pelas cinco mil escolas da rede estadual paulista para não prejudicar os alunos. Já o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou na terça-feira, dia 21, que há “confiança” na carne servida nas escolas estaduais e que o “acompanhamento é rigoroso” na Secretaria de Educação, autorizando, assim o consumo da carne nas escolas estaduais de todo o Estado.
O diretor da Escola Estadual Professor Itael de Mattos, Amauri Bassetto, disse que a carne ainda está sendo usada na escola, pois o governo não repassou nenhum tipo de norma que impedisse a utilização. “Estamos utilizando a carne sem maiores preocupações, pois, na verdade, todo e qualquer alimento que compramos é adquirido na própria cidade, ficando mais fácil de ser inspecionado pela Secretária de Educação”, afirmou Amauri Bassetto.
O Jornal entrevistou dois moradores de Santa Fé do Sul. O primeiro foi Pedro Antônio Nogueira, de 52 anos, que é casado e tem duas filhas, uma de sete anos e outra de nove, e mudou-se para Santa Fé apenas há um ano. “Com essas notícias sobre a operação da carne e por ouvir outros boatos dizendo que a carne era podre ou continha papelão, eu e minha esposa decidimos não comer nenhum tipo de carne até que realmente seja provado que essas carnes estejam boas para o consumo. Desta forma, estamos nos alimentando com muitos legumes, verduras e peixes. Eu pesco bastante, e, quando não posso pescar, tanto eu, como minha esposa compramos peixes no mercado, pois temos muito medo de que algo aconteça, principalmente com as nossas filhas”, disse Pedro Antônio Nogueira.
Antonio Marcos de Castro afirmou que “depois da notícia veiculada na mídia sobre a Operação ‘Carne Fraca’, estou evitando comprar carnes das marcas envolvidas, preferindo então outros tipos de carnes e até mesmo comprando em açougues menores dos quais já conheço seus proprietários, e que sempre me informam sobre a procedência dos produtos, dizendo que suas carnes são frescas e a matança ocorrera em menos de três dias. Outra opção também é o peixe, que possuí o preço equiparado ao da carne e é fácil de ser encontrado nas peixarias de nossa cidade”, enfatizou Antonio Marcos de Castro.

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