NATAL COM NINHO VAZIO

Publicado em 23/12/2014 23:12

Muita gente gosta do Natal. Eu também já gostei. Hoje já não sei dizer se é uma data vazia e indiferente ou se ainda gosto um pouquinho.
Em outros tempos Natal era sinônimo de família, com a casa cheia de filhos, agregados e netos. A mesa, farta para uns e vazia para outros, sempre trouxe-me um pouco de tristeza e nostalgia.
Quando criança, tinha a “Missa do Galo”, da qual participava acompanhada de avós e tias. Ao virar adolescente, não era mais obrigada a ir.
O espírito de Natal deixou suas marcas em mim. Em todos os sentidos: o cheiro de rabanadas, o toque de muitas mãos e afagos, o som das músicas natalinas e as luzes brilhando e piscando iluminando os presentes. Quase não pensava na mensagem do Cristo menino. Era criança, depois muito jovem, e hoje muito consciente e sem graça. Quando criança não entendia nada, hoje … Entendo coisas demais.
Hoje o que me incomoda no Natal é a lembrança da casa cheia e a constatação do vazio que me cerca. Não só a mim, mas a muitos senhores e senhoras da minha idade que são obrigados a se conformar que o ninho antes cheio, agora está vazio. Muitos entes queridos fizeram a viagem sem volta e os jovens viajam para outros ninhos seguindo cada um a sua estrada fazendo com olhemos para a casa fazia e sentindo o coração pesado.
Mas para tudo tem um jeito e chorar não adianta. Existem outras pessoas que, como nós, sentem-se solitárias e saudosas relembrando velhos natais. Por que não? Por que não juntar o que restou de alegria e felicidade e trocar presentes em outro lugar, com novas pessoas que podem tornar-se novos amigos? Afinal, somos ou não somos uma grande família? Temos ou não o coração repleto de bons sentimentos que devem brilhar junto com a estrela que guiou os reis?
É, meu amigo. Temos que nos adaptar às novas situações, pois è isso que torna o homem forte e digno de sua existência. Podemos combinar e passar um próximo Natal com os velhinhos abandonados literalmente por suas famílias e dar-lhes uma ceia de Natal como há muito já nem lembram mais. E a gente vai lembrar que é feliz porque não fomos abandonados. Nossos filhotes apenas foram voar, ganhar e distribuir presentes em outro lugar.

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