Tópicos da Semana – Edição de 22/04/17.

Publicado em 22/04/2017 00:04

Por Mário Aurélio Sampaio e Silva.

Charge: Leandro Gusson (Tatto).

Charge 22-04A gente ‘somos inútil”
Na época em que cantores da nossa MPB eram reconhecidos pela quantidade de LPs – Long Plays –, os famosos discos de vinil, antes da era digital, e, portanto, anterior mente à época dos CDs, eis que surge no Brasil uma banda que muito chamou a atenção por sua música carro-chefe, Ultraje a Rigor, com sua canção ‘Inútil’, em 1983.

Indigente
Após 34 anos, quando a música era tocada em todas as rádios do Brasil, com mais de 30 milhões de cópias de discos vendidas, parece que o tempo não passou, haja vista a sensação, diante de tantos os escândalos e podridão na política, que somos realmente inúteis, frágeis e, muitas vezes “de mãos atadas” com tanta roubalheira. A música que iniciava dizendo que “A gente não sabemos escolher presidente; a gente não sabemos tomar conta da gente; a gente não sabemos nem escovar os dente; tem gringo pensando que nóis é indigente. Inútil! A gente somos inútil…” parece ter sido escrita nos dias atuais. Diante de tanta lama, a sensação é mesmo de pura inutilidade, ou melhor, de completa perplexidade.

Fazendo contas
Em face de tanta lama, entende-se que a corrupção não é um privilégio apenas do PT, e apenas uma das suas especialidades. Há tantos ‘Pes’ hoje envolvidos que se chega até ser difícil de ser apontados, seja o PP, o PMBD, o PCdoB e tantos outros. Somente para comparação, com 10% do que foi roubado daria para evitar milhares de mortes com a situação caótica nos hospitais e postos de saúde de todo o país; com mais 10%, seria possível corrigir deficiências no sistema de segurança pública do Brasil e evitar, com isso, milhares de mortes de chefes de famílias.

Fazendo contas II
Se pararmos para pensar um pouco mais, veremos que com mais 10% de toda a roubalheira seria possível dar comida para tantos que morrem de fome hoje em dia. Ainda que os membros do PT e os outros partidos tivessem roubado menos do que roubaram, não seriam capazes de amenizar o sofrimento do povo. São deveras gananciosos, um bando de mortos de fome deslumbrados com o luxo, com comidas caras e com o poder.

Ahhh, o poder
Já dizia o ditado popular “Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza”, preceito que parece estar valendo para muitos políticos da atualidade. Deixam “o dever de casa” pra lá e se deslumbram com o novo, com o poder que, aos seus olhos, acreditam piamente poder comprar tudo e a todos.

Pútrido
O país não se verá livre dessa tragédia da noite para o dia. Muitos estão e ainda haverão de sofrer as consequências nefastas de um legado de 13 anos avermelhados pelo PT e de outros partidos, mas o balanço que se faz hoje, após os mandatos de Lula e Dilma será certamente o mais cruel de que se tem notícia na história do Brasil.

O início dos meios
A operação Lava Jato é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve. Estima-se que o volume de recursos desviados dos cofres da Petrobras esteja na casa de bilhões e bilhões de reais. No primeiro momento da investigação, desenvolvida a partir de março de 2014, perante a Justiça Federal em Curitiba, foram investigadas e processadas quatro organizações criminosas lideradas por doleiros, que são operadores do mercado paralelo de câmbio. Depois, o Ministério Público Federal recolheu provas de um imenso esquema criminoso de corrupção envolvendo a Petrobras. Hoje são 8 ministros, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados. Os pedidos se baseiam na chamada lista de Janot, feita com base em delações de ex-executivos da Odebrecht.

O esquema
Nesse esquema, que já dura mais de uma década, grandes empreiteiras organizadas em cartel pagavam propina para altos executivos da estatal e outros agentes públicos. O valor da propina variava de 1% a 5% do montante total de contratos bilionários superfaturados. Esse suborno era distribuído por meio de operadores financeiros do esquema, incluindo doleiros investigados na primeira etapa.

Seria normal
Em um cenário normal, empreiteiras concorreriam entre si, em licitações, para conseguir os contratos da Petrobras, e a estatal contrataria a empresa que aceitasse fazer a obra pelo menor preço. Neste caso, as empreiteiras se cartelizaram em um “clube” para substituir uma concorrência real por uma concorrência aparente. Os preços oferecidos à Petrobras eram calculados e ajustados em reuniões secretas nas quais se definia quem ganharia o contrato e qual seria o preço, inflado em benefício privado e em prejuízo dos cofres da estatal. O cartel tinha até um regulamento, que simulava regras de um campeonato de futebol, para definir como as obras seriam distribuídas.

Menina dos olhos
A Petrobras fora considerada a ‘menina dos olhos’ tamanha sua riqueza. Não fossem alguns vorazes famintos, o Brasil poderia ser única e exclusivamente ‘custeado’, através dos lucros, pela empresa. Hoje, devido a safadeza de tantos abutres, o país se encontra em um verdadeiro caos.
E surge a Odebrecht, oba!!!
O esquema de corrupção da Odebrecht revelado pelas delações de executivos da empreiteira mostra que ela desviava dinheiro de obras públicas para distribuir a políticos de diversas formas, seja através de doação oficial, caixa dois ou pagamentos no exterior para beneficiar a empresa em decisões dos governos, na aprovação de leis e em obras públicas, entre outros ‘serviços’. Eram três os pontos em comum no caminho para desviar o dinheiro público: parte do dinheiro de contratos com o poder público era desviado para o Setor de Operações Estruturadas, mais conhecido como “departamento de propina”; o dinheiro era distribuído a políticos de acordo com os pedidos deles e os interesses da empresa; a empreiteira era beneficiada pelo poder público.

Os esquemas
A Odebrecht doava a políticos dos mais variados partidos. Essa disposição para “ajudar” a todos foi admitida pelo próprio Emilio Odebrecht, pai de Marcelo Odebrecht, em depoimento em março ao juiz Sérgio Moro, responsável por julgar casos da Lava Jato que não envolvem pessoas com foro privilegiado. Existia uma regra: ou não contribuía para ninguém, ou contribuía para todos. Uma verdadeira lambança. Coitados de nós…

 

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