Fake News

Publicado em 14/01/2017 00:01

Você já deve ter lido por aí sobre “fake news”, não é? Popularizado após a eleição de Trump, o termo diz respeito a sites e blogs que publicam intencionalmente notícias falsas, imprecisas ou simplesmente manipuladas, com a intenção de ajudar ou combater algum alvo, normalmente político. Eles também copiam notícias verdadeiras de outros veículos, mas mudam as manchetes, alterando o sentido ou colocando algo sensacionalista para atrair leitores.
Aqui no Brasil isso não é novidade, temos “fake news” há anos, inclusive bancadas pelo governo. As “fake News” a que me refiro, não devem ser confundidas com as mentiras que sempre circularam por aí, sobre ETs, monstros, aparições e outros absurdos, que podem ser desmascaradas em sites como o www.e-farsas.com.br , por exemplo. Elas são publicadas aproveitando as tensões políticas, pegam fragmentos de verdade, torcem os fatos de forma a parecem mesmo verdade. E são compartilhadas por milhares de pessoas, transformando-se em senso comum.
Não existe remédio contra elas, a não ser tomar alguns cuidados.
Relembro então a minha Teoria dos Quatro Rês, cujo enunciado é:
“Notícias sem relevância; passadas por gente que não tem responsabilidade; aceitas por todos sem reserva, obtém ressonância desproporcional.“
Assim que leio, ouço ou vejo uma notícia, busco mentalmente passar por um filtro que tem 4 palavras começadas por “RÊ”.
Relevância: que importância tem essa notícia ou fato para mim, minha comunidade, meus amigos, meu país, o mundo?
Responsabilidade: quem é a fonte dessa informação? Que responsabilidade tem quem a está passando para mim? Que autoridade ou credibilidade tem essa fonte, para que eu nela acredite?
Reserva: com que cuidados devo receber essa notícia? Que tipo de precaução devo tomar antes de acreditar e sair agindo?
Ressonância: como devo disseminar essa notícia? Que tipo de amplitude devo dar a ela?
No Brasil é assim: notícias sem a menor relevância, passadas para nós por gente que não tem a menor responsabilidade, aceitas por todos sem a menor reserva, obtêm uma ressonância desproporcional. Quatro rês que baixam a cotação da bolsa; aumentam o dólar; derrubam o ministro; quebram a empresa; protelam o crescimento; fecham a escola; aumentam o desemprego, destroem reputações… com base em versões que nós mesmo transformamos em fatos.
No caso das “fake news” o mais importante é o item 2: Responsabilidade. Quem é a fonte dessa informação? Que responsabilidade tem quem a está passando para mim? Que autoridade ou credibilidade tem essa fonte, para que eu nela acredite?
Observe quem está por trás do site ou blog, que linha de pensamento eles defendem, quem são seus patrocinadores, que interesses eles ocultam, qual o histórico das pessoas que produzem o que ali é veiculado. Uma pequena investigação como essa derruba imediatamente 95% do que se vê e lê por aí.
Mas tem mais um ponto fundamental: faça a mesma análise com quem está acusando alguém de “fake news”.
Não raro, quem acusa é que é o fake.

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