Vosso Meritíssimo Juiz Moral
Estão sobrando juízes sobre a face da Terra.
Não me refiro aos de Direito ou futebol, e sim aos “juízes da moral”.
São muitos aqueles que se acham dignos de tal cargo, que permite apontar e julgar as atitudes do próximo como morais ou imorais, corretas ou incorretas, e assim por diante.
Mas, lhes pergunto, será mesmo que alguém pode se achar nesse direito?
Durante essa semana um pastor compartilhou em sua rede social um vídeo, no qual um grupo musical de uma igreja cantava para jovens uma música de louvor com um estilo musical mais animado que as tradicionais, por assim dizer, lembrando um pouco o ritmo de alguma música de carnaval, sendo que até mesmo certa “ginga” era utilizada para animar todos a cantarem e louvarem também.
Na mensagem publicada juntamente com o vídeo, o pastor falou que aquilo caracterizava um “desrespeito aos verdadeiros louvores da igreja”, e foi ainda auxiliado nos comentários da publicação por outros pastores, que abertamente condenaram aquele grupo e os jovens que participavam do culto, falando até mesmo coisas como “lixo”, “haverá prestação de contas”, além de outras.
O que me chamou a atenção foi quando um jovem, corajosamente, decidiu comentar a publicação, mesmo em meio daquela revolta de tantos pastores, e disse que, na opinião dele, não havia nada de errado ali, que os jovens estavam dentro da casa de Deus adorando e louvando ao Senhor, que cada um tem uma forma diferente de adorar, e que a igreja, assim como o mundo, deve evoluir para conseguir atingir e “falar a língua” dos jovens, atraindo-os cada vez mais para dentro da igreja, e para os ensinamentos e a palavra do Senhor. Encerrou ainda dizendo algo muito belo: “quem faz a diferença é a gente, Deus conhece o coração de cada um”.
Identifiquei-me muito com o que aquele jovem disse, principalmente porque em determinada parte do que escreveu ele questionou “quem é a gente pra julgar?”, que era exatamente aquilo que eu pensava enquanto lia aqueles diversos comentários condenatórios.
Acreditei que aquela manifestação provocaria certa reflexão nos “juízes da moral” que ali estavam, mas, ao invés disso, a resposta de um deles foi no sentido de que, de fato, aquilo poderia até atrair os jovens para a igreja, mas que eles não seriam “crentes por excelência”.
Não quero aqui entrar no mérito dessas pessoas serem evangélicas, católicas, ou o de qualquer outra religião, mas, sinceramente, o anormal está em se acreditar que exista alguma espécie de classificação subjetiva de excelência para poder adorar ou acreditar em Deus.
Tenho minha religião, no entanto, acima dela ou de qualquer outra, creio em Deus e em Jesus Cristo, seu filho, que nunca levantou a mão e apontou alguém para julgar ou condenar, tendo clamado a seu Pai que perdoasse até mesmo aqueles que tiveram essa postura com ele. Jesus que sempre teve a esquisita mania de preferir os piores, exatamente por ter o dom divino do amor, que o permitia ver o avesso das pessoas. E acredito fielmente que é dessa maneira que Jesus nos ama, enxergando aquilo que ainda não somos, mas que ainda podemos ser.
Então, Vosso Meritíssimo Juiz Moral que estiver lendo esse texto, me perdoe, mas, fica mais uma vez a pergunta: quem é a gente pra julgar?