AS AULAS VOLTAM ENTRE TAPAS E MORDIDAS

Publicado em 18/01/2014 02:01

A que ponto chegamos! Enquanto aguardamos que nossas crianças cheguem em casa com um conteúdo maior de informação e cultura, advindas de pessoas pressupostamente preparadas para esse fim, nos deparamos surpreendidos com jovens, alguns ainda nem sequer adolescentes, adentrando seus lares, feridos fisicamente, depois de terem também atacado sem nenhum senso de respeito, seus próprios educadores.
As aulas vão recomeçar. Quem são essas crianças e quem são esses indivíduos colocados dentro de um mesmo ambiente, com o propósito de fazer do Brasil um país melhor graças à educação?
Serão elas crianças da favela, os excluídos da sociedade, os marginalizados, drogados desde os oito anos de idade, subjugados pelo crack, sem comida na mesa e sem o carinho e o apoio de seus pais e mães?
As pesquisas já demonstraram que há um mix de classes sociais vilipendiando e destruindo a sociedade.
E os denominados professores? Serão eles aqueles que escolheram o caminho do magistério por falta de opção ou talento? Ou serão cidadãos infelizes, frustrados e insatisfeitos com seus salários e condições de trabalho, que, por não poderem descontar nos seus chefes e governantes com suas unhas e dentes, desferem covardemente com suas próprias garras e mandíbulas, tapas e mordidas em seus alunos.
Dizem os antropólogos que desde a Antiguidade os jovens apresentam comportamentos e atitudes que sobressaltam os adultos. Sabemos nós, os civilizados, que violência gera violência e gentileza gera gentileza.
Fui educadora durante algumas décadas. Não posso negar que muitas vezes senti vontade de arrancar com os próprios dentes a cabeça de alguns alunos. Concordo também que a falta de respeito dos jovens atuais passou dos limites da tolerância de qualquer cristão.
E quanto aos professores? O que está acontecendo? Professores estressados, mal pagos, com problemas psicológicos? Isso não é novidade! Sempre foi assim e sempre será. Adolescentes rebeldes? Quando foi diferente? A diferença está na falta de disciplina que deveria ser imposta pelos pais e descaso da grande maioria dos empresários responsáveis por estabelecimentos de ensino. Pais que não têm tempo (segundo eles e eu discordo) para acompanhar seus filhos nos estudos e no que está sendo empurrado goela abaixo dos mesmos nas escolas.
Quando mais facilitar para o aluno, melhor! Para o professor, para os pais e para os diretores, que garantem a matrícula no período letivo seguinte.
Não estão preparados, nem alunos nem professores (quase generalizando). Não há fiscalização da escola sobre o que está sendo aplicado aos seus discentes e os pais, por sua vez, não exigem uma formação adequada e descente daqueles que vão influenciar para sempre a vida de seus filhos, antes de efetuarem suas matrículas nesta ou naquela instituição.
Só há uma solução. Uma revolução mega-hiper-super radical no ensino dos que estão em sala de aula para aprender e dos que estão lá para educar (eu escrevi educar, não ensinar). Alguns devem estar pensando ao lerem essa crônica: “-É fácil falar quando está do lado de fora!” Só que eu sempre estive do lado de dentro e acredito que tudo bem feito, tem jeito!

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