Razão, emoção, eleição
Domingo será a sétima vez que irei às urnas para eleger diretamente um Presidente da República, e não me lembro de uma campanha tão indefinida como esta. E o que mais tem me chamado a atenção é a motivação das pessoas que vão às urnas. A maioria está indo votar contra, não a favor. Explico.
Há muito os estudos psicológicos dizem que o ser humano se motiva muito mais para evitar a dor do que buscar o prazer. A perspectiva de vitória de um candidato que não representa nossos credos e valores, provoca angústia, medo, raiva ou uma combinação disso tudo, causando impacto no momento da votação. Por mais que façamos nossos julgamentos baseados em fatos e na razão, na hora do voto a emoção tem papel fundamental: queremos evitar a dor!
Basta dar uma olhada nas mídias sociais e conversas de elevador para perceber que as pessoas são muito mais passionais quando falam dos candidatos nos quais não pretendem votar, do que na defesa de seus candidatos preferidos. Não fiz nenhum cálculo preciso, mas acredito que 60% das propagandas eleitorais são focadas nos pontos negativos dos oponentes. Nas mídias sociais esse número sobe facilmente para 90%! E aí fica difícil…
No último debate, por exemplo, depois de duas horas só restou o escândalo do nanico Levy Fidelix contra o casamento gay…
Já imaginou a eleição do maior jogador de futebol do mundo, entre Neymar e Messi, onde são mostradas apenas as jogadas ruins de cada um, para que escolhamos o que menos erra? Esquisito… Mas em política é assim! Uma vez que “evitar a dor” merece muito mais atenção do que “buscar o prazer”, é natural o foco no torto em vez de no direito.
Então é errado votar com a emoção? Claro que não. É ela que nos engaja na defesa das causas que nos são caras. Devemos seguir, sim, a emoção. Mas um pouco de razão nunca é demais, não é?
De qualquer forma, não deixa de ser triste a percepção de que no domingo irei às urnas para votar contra. Contra o atraso, contra a desonestidade, contra os que, por conveniência, nunca sabem de nada, contra os que se pretendem donos da verdade, contra os que acham que têm o monopólio da ética, contra os que mentem descaradamente, contra os que tratam bandidos como heróis. Contra os que pensam apenas em si e na manutenção do poder.
Mas essa tristeza é menor que a alegria da certeza de que votarei a favor do Brasil.
Vote você também.