O BELO E O FEIO

Publicado em 10/10/2014 23:10

Mas não é do jeito que eu nasci que vão me enterrar! Que até lá dá pra mudar muita coisa. Melhorar muuuuiiiito! Andam até dizendo que a Morte está errando a pontaria, pois quando ela pensa que vai acertar numa pessoa, a tal pessoa já está tão modificada pelas cirurgias plásticas que fez que a “mardita senhora” acaba acertando outra, que morre no lugar errado, e na hora errada. Sinal dos tempos…
Mas acredito também que é imprescindível haver equilíbrio em tudo na nossa vida. Em nossas ações, em nossos sentimentos, tudo, enfim. E é na falta de equilíbrio que as pessoas esbarram com suas atitudes. É a falta da medida certa que nos faz cometer atos insanos, loucuras que não têm volta, arrependimentos tardios. Isso serve para todos os setores da nossa vida. Até mesmo para classificar o belo e o feio. E essa falta de parâmetros está levando as pessoas, de ambos os sexos, de todas as idades, a cometer as maiores loucuras, a cair no ridículo, tudo por falta de equilíbrio…
Afinal, o que é belo e o que é feio? Respondeu-me alguém que lida diariamente com padrões de beleza, que os dois conceitos estão relacionados com harmonia. Em tudo que há harmonia e perfeito equilíbrio, há beleza! É por isso que às vezes não entendemos porque um nariz tão grande fica tão bonito em determinado rosto. É harmônico. Ou porque em determinadas pessoas nada fica bonito. Qualquer peça, por mais cara que seja, perde o brilho, o valor. E em outras, é justamente o oposto. Sobra beleza? Sobra feiúra? Não! Há equilíbrio! Há harmonia!
Há harmonia nos gestos, no olhar, há harmonia no andar. Há equilíbrio nas atitudes. Há equilíbrio nos sentimentos, nas palavras ditas harmoniosamente na hora certa. E há principalmente um silêncio equilibrado que exalta a beleza que bisturi nenhum pode criar. Realmente, como disse o poetinha: “Os feios que me perdoem, mas beleza é fundamental!”.
Não essa beleza cantada em outdoors, revistas e xampus! Nem estou falando da tal beleza interior que é arremedo de quem não foi agraciado pela mãe natureza! Estou falando do que não se enxerga por trás do que se vê!!! Daquela mulher que é sempre o centro das atenções sem ser linda e antes que saibam se é gostosa. Estou falando daquelas, lindésimas, objetos dos desejos masculinos, e que sofrem de solidão…
A harmonia existente no feioso que tem aquela pegada e aquele charme que falta no bonitão, que só serve pra tirar fotografia!!! E aí os cirurgiões plásticos estão com as agendas lotadas. Pessoas que buscam na ponta de um bisturi respostas para as perguntas que ocupam o vazio que é suas vidas. A vida das pessoas da nossa sociedade moderna.
Vidas vazias, sem um sentido, sem um significado real. Acabam em ideais de beleza que não traduzem o que é belo para elas e sim o que é belo para os outros.
Perdemos a noção do belo. Aquela coisa “boa de se ver”, “gostosa de se olhar”. Aquela “coisa bonita”, que só se enxerga com olhos de bem-querer. Não tem grife, não tem pluma, não tem pedra.
É a beleza do simples, do puro, do que ainda é ingênuo. Do homem de barba feita. De maneiras gentis, porém firmes, cheirando a sabonete, que não cospe no chão! Da mulher de cara lavada, cabelo molhado, cheia de graça, algumas rugas quando sorri, alguma bunda pra se apertar, peito o suficiente pra dar de mamar! Tudo com equilíbrio. Tudo com harmonia. Que bonito! Que beleza!

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