Sobre a simplicidade da vida
Como nós nos esquecemos das coisas boas dessa vida, não é mesmo?
Cheguei a essa conclusão durante essa semana, quando ia embora do trabalho.
Enquanto mil pensamentos e preocupações dessa fase turbulenta de fim de ano passavam pela minha cabeça, cheguei com o carro no “pare” próximo ao campinho de futebol, ao lado do Velório Municipal, e vi um senhor passeando de charrete com duas crianças, um menino e uma menina, que provavelmente seus netos.
Desliguei-me temporariamente das minhas preocupações para reparar em apenas uma coisa: como eles estavam felizes!
Era impossível eleger o mais sorridente, de modo que pude perceber que, apesar daquilo possivelmente ser algo normal para aquele avô, só de ver a felicidade com que seus netos reagiam a novidade do passeio, ele conseguia sorrir ainda mais que eles.
Então me lembrei o quanto momentos assim, simples, são importantíssimos em nossas vidas.
Hoje estamos o tempo todo conectados, seja com celulares, tablets ou computadores, mas, às vezes, não nos damos conta que, ao mesmo tempo em que temos ali, em nossas mãos, centenas ou milhares de contatos, estamos nos distanciando das pessoas que realmente se importam conosco, e que nós amamos.
Lembro-me que quando eu era criança e estava em algum fim de tarde na casa dos meus avós maternos, frequentemente minha avó Adelina pegava o baralho e me chamava pra jogar “burrinho” com ela e meu avô.
O jogo não tinha nada demais, era simples. Meus avós, donos de uma simplicidade absoluta, faziam com que aquele fim de tarde também se resumisse assim, em simples. E hoje vejo que, naquele tempo, eu era simplesmente feliz.
Por que depois, quando chegava em casa, tinha que pedir para minha mãe – Dona Lúcia que não gostava de me deixar sair a noite – que me permitisse ir até a casa dos meus amigos tomar tereré, contar piada, dar risada, brincar de esconde-esconde, falar das meninas bonitas da escola, e tantas outras coisas.
Era tudo tão simples, mas, ao mesmo tempo, completo.
Em um só dia eu via meus avós, meus amigos, e podia interagir realmente com eles.
Hoje estamos conectados, e, apesar de aparentemente estarmos próximos do outro lado do mundo, muitas vezes estamos distantes até mesmo de quem mora na nossa mesma rua.
Enfim, ver aqueles netos passeando com o avô, fazendo algo tão simples, me lembrou que, por mais tecnologia e comodidade que esse mundo nos permita alcançar, nada substituirá os momentos agradáveis próximos de quem a gente se importa.
Não há tecnologia melhor que uma presença, nem comodidade maior que um abraço.
Se você leu esse texto e também pensou nisso, não deixe para depois, vá hoje mesmo visitar aquele amigo ou parente que faz tempo que você não vê.
Nada de mandar um “whats” ou mensagem no Facebook. Vá pessoalmente.
Surpreenda-o com a sua presença, com a sua atenção e com a simplicidade de algo que, por mais que o mundo avance, nunca poderá ser substituído por outra coisa: o seu amor!