UNIDADE DO JUDICIÁRIO EM TRÊS FRONTEIRAS, A MATURIDADE

GILBERTO ANTONIO LUIZ
Quando dessa cidade saí, com 17 anos, fui para São Paulo, com um sonho, ser bacharel em Direito. Daqui saí indo de trem, descendo a Estação da Luz. Lá chegando, por orientação do meu amigo Mikio Takayama, fiz inscrição para vestibular, na Universidade de Mogi das Cruzes.
Naquela instituição de ensino conheci uma das pessoas mais queridas de minha vida o Dr. Lair Loureiro, que mais tarde, eleito vice-presidente do Tribunal de Justiça, foi quem inseriu Três Fronteiras na lei específica sobre unidade do Judiciário.
O tempo passa e nós passamos juntos. Há mais de 20 anos, juntamente com o Prefeito Cidinho Carrasco, o vice Flavinho, hoje Prefeito, lutamos por uma unidade do judiciário na cidade de Três Fronteiras.
No início, como idealizador, quando falei sobre esse tema sei que fui até zombado, desacreditado.
Mas hoje, sexta-feira, dia 14, parte desse sonho se concretiza. Senhor Presidente, hoje a compor a direção do TJ-SP está também e por coincidência benévola de Deus, o meu ex-professor daquela instituição o Dr. Eros Picelli, que ensina a semeadura é livre a colheita, obrigatória.
Tivesse eu escrito minha própria história, não teria sido autor tão excelente como as linhas traçadas por Deus que, em sua infinita bondade, escreve a história da gente, melhor do que se a gente mesmo escrevesse.
Quando menino caminhando descalço pelas ruas de Três Fronteiras, jamais imaginei que participaria de uma das mais belas páginas de nossa história: a instalação da Unidade do Judiciário. E aqui cresci, fui adolescente e como tal fiz um verso, demonstrando meu amor por essa cidade que aqui repito: cada rua dessa cidade é veia a correr pelo meu corpo; adoro cismar por vossa madrugada aluada e cantar meu verso no seio de vossa noite; oh Três Fronteiras, meu poente azul!
Mas, agora, já homem maduro, com relação a unidade do judiciário, depois de idas e vindas, cheguei a pensar que esse dia não aconteceria… e que eu iria partir desse mundo sem ver e viver um dia como o de hoje.
Isto porque, foram mais de 20 anos de batalhas, 10.000 Km percorridos em prol a essa causa, desde o pedido de criação ao Desembargador Lair Loureiro, até a data de hoje com a presença em minha querida cidade do ilustre Desembargador, Renato Nalini, Presidente do egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo.
Insondáveis os desígnos de Deus: a sua pena determinou que exatamente o neto do primeiro prefeito, o saudoso Miguel Renda, efetivasse a instalação da primeira unidade do Judiciário de Três Fronteiras.
Em sua pena Deus designou que exatamente esse Prefeito, o Flavinho, filho do advogado Antonio Flávio, o nosso anti-candidato, que possibilitou, juntamente como Dr. Alcides Silva, a instalação da Subseção de Santa Fé do Sul e foi aquele que escreveu a primeira ata da nossa Subseção, conquistasse esse sonho de mais de 20 anos.
Além de ter sido eleito Presidente da Subseção, por duas vezes, como presente de Deus nesse chão também fui vereador e hoje posso testemunhar a justa homenagem que o povo, através da Câmara Municipal, presta ao ilustre Juiz Dr. José Gilberto Alves Braga Júnior e ao Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça Dr. Renato Nalini.
É preciso ser dito a verdade: a instalação dessa unidade do Judiciário só foi possível, porque o Dr. Braga, no momento em que estávamos na sala do ilustre Presidente também homenageado garantiu: Vossa Excelência pode instalar que eu, na qualidade de juiz, assumo aquela unidade judiciária. Não fosse esse despreendimento e nós não estaríamos aqui a comemorar essa conquista.
Sei que isso vai custar prejuízos próprios ao Dr. Braga, sacrifícios individuais e familiares, roubados da convivência de Marcela Braga e de seu filho, que vi nascer, mas sei também que o nome de sua Excelência – além do justo título de cidadania – estará cravado no seio afável do povo trifronteirano.
Vossa Excelência, Dr. Nalini, por sua vez, na qualidade de Presidente do maior Tribunal do Mundo, para nossa honra será um dos nossos e mesmo na simplicidade de nossa querida terra fará efetivamente parte do cotiano das conversas informais de nosso gente, e também passará a fazer parte das orações de nossa gente, suplicando a Deus que ilumine a Vossa Excelência e sua família e tenho fé e certeza que Deus acolhe as orações dos humildes.
E exatamente nesse momento, em nome de minha família e especialmente de minha mãe, pelo ano passamento de meu tio, o Senhor Pedro Lacerda, que não está mais presente entre nós, que aqui viveu 94 anos servindo a povo em sua inabalável fé…suplico a ele que lá do alto peça aos anjos e arcanjos que derramem uma gota da fagulha do criador sobre todos nós, para nos aproximar do bem e o bem maior é o perdão entre os homens.
Três Fronteiras nunca recebeu em seu solo um Presidente do Poder que tenha por função entregar a prestação jurisdicional, mas agora, o recebe com carinho, na certeza de que hoje Três Fronteiras que fora batizada há 67 anos, quando da instalação do Município hoje é crismada pelas mãos de Vossa Excelência ao instalar essa unidade do Judiciário.
Poderíamos fazer uma analogia, como fonte integrativa, que nascemos com nossa fundação e é como se fosse nosso batistério.
Pois bem, se nascemos com a fundação é pela instalação da unidade do Judiciário que somos crismados e é pela crisma que crescemos na vida da graça.
Enfim, ilustres homenageados e meu querido povo de Três Fronteiras, é a maturidade, ou seja, é a força para viver que Três Fronteiras tanto precisava.
E assim sou feliz por poder testemunhar essas merecidas homenagens e por poder participar desses atos, tão emblemáticos e significativos para o nosso povo que só nos resta agradecer a Deus, aos homenageados, ao Prefeito Flavinho e registrar que a luta continua, porque Três Fronteiras quer crescer mais e mais e o Poder Judiciário agora é um dos nossos parceiros para avançar nessa luta! Ninguém vai nos separar.
E, por fim, para os jovens aqui presente, Bruno Nilsen, Valéria Quinelato e outros que participarão do futuro dessa Terra, deixo uma mensagem de Martin Luter King:
‘É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar…
É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final,
Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa se esconder…”
Vamos TODOS unidos nos preparar para novas batalhas, novos desafios.
Então não quero deixar uma despedida, porém um até breve…para novas conquistas!!! Com o mais importante dos sacramento – o casamento de Três Fronteiras e o Poder Judiciário, a criação e instalação da Comarca de Três Fronteiras. A conquista fundamental é o casamento com o Poder Judiciário, com a criação da Comarca de Três Fronteiras.
Obrigado, meu Deus!