CRISTO! QUE MARAVILHA!

Não podia ser diferente. A gente chegando ao Rio de Janeiro, por mar, por terra ou pelo ar, e deparando-se com Ele lá no alto, nos dando boas vindas, só consegue dizer uma coisa: Que maravilha!
Há mais de vinte e cinco anos estou residindo fora do Rio. Mas tenho que voltar a cada dois meses ou morro de depressão! Sempre que volto me emociono ao ver o Cristo me recebendo humildemente, imponentemente, me dizendo que continua valente que continua feito de pedra, mas com os braços abertos, demonstrando a moleza do coração de mar e sol.
Que maravilha! Uma das maravilhas do mundo. Se o Rio já era lindo, se o carioca já era marrento, imagina agora com tanta coisa acontecendo e o Cristo mostrando sua beleza em várias cores. E com razão. Com toda razão e mais um pouco. A parte que caberia às outras coisas maravilhosas do mundo, cabe agora no abraço do Cristo, no abraço sempre afável do carioca, com bala ou sem bala perdida, os braços continuam abertos, agora mais do que nunca.
O sorriso banguela do vendedor de picolé na praia vai estar mais banguela ainda e agora ele vai vender um picolé com a forma do Cristo. Espera só. Os caras gritando na areia: -“Olha o Cristo! Olha o Cristo!” E a gente, desprevenida, olha pra cima pensando que o Homem baixou na Terra de novo, até se acostumar que é só mais um picolé sabor “Maravilha” (mistura de groselha com tangerina).
O carioca precisava desse presente. Precisava desse som novo de batucada em forma de pan… Olhos voltados para o Rio. Hei, brother! Aqui é uma maravilha, tem samba, tem mulata, tem mulher pelada, mas tem esportes organizados (mais ou menos) além do futebol. E se estiver frio, tem chocolate quente também…
Na verdade não acho que foi o Cristo o eleito a Maravilha. Maravilha é o Rio de Janeiro mesmo! Já conheci muita cidade linda na Europa. Acho o primeiro mundo coisa de louco! Mas só aguento no máximo trinta dias sem comer feijão preto. Mas isso é coisa que se pode remediar. A gente admira os Alpes, curte a neve, vê jardins e ruínas maravilhosos mundo afora, respira culturas várias… Mas, quando vê do alto, essa baia, essas montanhas, esse mar e no chão essa gente bonita, só tem uma palavra que escapa de nossos lábios: Que maravilha!
Mordam-se os paulistas, mas não fiquem tristes, quando os turistas chegarem aqui vão querer conhecer a cultura séria do seu concreto e a deselegância discreta de suas meninas também.
Sacudam-se nas redes os baianos, mas não se avexem turista que for esperto não vai perder a oportunidade de descobrir “o que a baiana tem”, depois de arrastar as asas no “jeitinho da carioca andar” nas areias de Copacabana.
Batam o pé com suas botas os gaúchos, mas não morram de inveja. Depois de se maravilharem no Rio, turistas afoitos por um friozinho, não perderão a oportunidade de apreciar um chimarrão e as belezas de suas prendas. Tem pro Brasil inteiro. Mas a maravilha tá no Rio! Fazer o quê, né?