Primeiras impressões
As reações de surpresa a essa informação são cada vez mais raras, mas, explicando o porquê do assunto abordado hoje na coluna, esclareço aos meus estimados leitores e as minhas estimadas leitoras que, desde o mês de dezembro, quando me formei em Direito e me inscrevi na OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, após ter sido aprovado no exame de setembro, sou advogado, e, aos poucos, começo a trilhar meu caminho por essa magnífica área profissional.
Esse texto tem por objetivo expor minhas primeiras impressões como recém chegado no mundo jurídico. Então vamos lá.
Logo de início, adianto que não é exatamente aquilo que algumas pessoas imaginam. Nem para o lado bom, nem para o ruim.
Digo que não para o bom, pois, alertando desde agora aqueles que pretendem iniciar ou já iniciaram essa longa caminhada do “saber jurídico”, preciso informar que, acredite, não haverá mil clientes a tua porta e nem dez mil reais creditados em sua conta corrente logo no primeiro mês de trabalho. Isso eu lhe garanto.
No entanto, não pense que não é uma área rentável, como alguns costumam pregar por aí, talvez num possível receio da concorrência dos jovens que vêm “cheios de gás”.
Duas coisas merecem destaque nos primeiros contatos que tive, atuando em algumas demandas e serviços que surgiram.
A primeira é a Educação – que realmente merece maiúscula – existente neste meio.
Ao contrário do “terror” que vez ou outra alguém tenta nos vender, narrando histórias de funcionários, promotores e juízes de arrogância amedrontadora, me deparei no Fórum e na OAB, até agora, com pessoas completamente dispostas a me atender, ajudar e dar garantias de que eu estivesse muito bem esclarecido do que solicitei ou questionei, tudo cercado pela mais sublime manifestação da educação.
Trabalhei por quase dois anos em uma Unidade Avançada do Juizado Especial Cível, e uma coisa que aprendi com o responsável por aquela foi: seja humilde, quando não souber algo pergunte a alguém.
Partindo desse ponto de vista, na última semana tive algumas dúvidas a respeito de uma grande demanda de processos judiciais, então resolvi ligar no gabinete do juiz de uma das comarcas da região para conversar diretamente com este sobre o andamento daquelas ações.
Eis a surpresa: não apenas fui recebido quase que imediatamente por ele em sua sala, como também fui acolhido em todos os meus questionamentos, sendo tratado com a mais palpável educação e respeito que pude presenciar nos últimos tempos.
Incrível!
Uma verdadeira dose de ânimo para manter a fé na efetivação da justiça e de todos os direitos que esta nos garante.
O segundo ponto que merece destaque é a bela união que existe entre os profissionais do ramo do Direito.
Na OAB de Santa Fé do Sul fui extremamente bem recebido e amparado por todos os funcionários e líderes. Na última semana necessitei utilizar uma sala da OAB de São José do Rio Preto para redigir uma petição que necessitava de proposição imediata e, mais uma vez, acabei sendo muito bem tratado por todos de lá, desde funcionários até advogados que estavam presentes. E o mesmo se repetiu nos Fóruns de Santa Fé e Jales, onde senti que todos trabalhavam numa espécie de grande comunhão para que tudo caminhasse da melhor maneira que existe.
Ouvi a seguinte frase do juiz que me recebeu em seu gabinete: “Respeito a independência do advogado. Não acredito em hierarquia. Juízes, promotores, delegados, advogados, todos são iguais. Cada um faz parte de uma grande engrenagem chamada justiça, e se retirarmos uma peça sequer ela não funcionará mais. É assim que as coisas são”.
Concordo em gênero, número e grau.
E vamos caminhando.
E viva a justiça!