José Rico

Publicado em 7/03/2015 00:03

O nosso herói de hoje não poderia ser outro – é o “Zum”, uma das “gargantas de ouro” do Brasil.
Segundo o radialista Nestor Machado, a dupla Milionário e José Rico recebeu o seu primeiro cachê artístico aqui na nossa terrinha.
A Rádio Santa Fé tinha um programa de auditório chamado “Rodeio de Violeiros”, que acontecia aos sábados. O evento era tão concorrido que os alunos das escolas da cidade matavam as aulas para assistir ao programa. É bom lembrar que nos anos 70 havia aula aos sábados à tarde. As duplas caipiras que se classificavam tinham o direito de gravar um LP pela Chantecler, em São Paulo. O negócio era tão chique que no dia da grande final a famosa dupla, Canário e Passarinho, iria se apresentar para o grande público. Mas, na última hora, o empresário dos cantores disse que eles não poderiam comparecer naquele dia e, sugeriu uma dupla nova, desconhecida, de nome Milionário e José Rico. Havia até uma cláusula no contrato que se o diretor da rádio, Arlindo Sutto, não gostasse da dupla, não era necessário desembolsar o cachê.
Depois disso, a dupla sertaneja ficou freguesa da casa e em certa ocasião até fez parte do corpo de jurados do programa. Participou do programa Caixinha de Pedidos e, na entrevista, Nestor Machado, com a sua peculiar presença de espírito, perguntou se a dupla cantava por hobby, pois eram chamados de Milionário e José Rico…
Eu vi a dupla, Milionário e José Rico cantar, sentados na calçada da Praça Salles Filho. Foi no dia em que o saudoso César da Casa Branca os trouxe para se apresentarem para promover a sua loja de tecidos. Outra vez, já um pouco famosos, fizeram um show na quadra do Iepim. Para aquela apresentação, os dois ternos “xadrez/boca de sino” foram confeccionados na Alfaiataria do Viola.
Mesmo com a concorrência acirrada com cantores da MPB, a dupla começou a fazer sucesso com o lançamento do sertanejo, música com estilo mexicano e acompanhamento de conjunto de metais.
A afinidade e a gratidão que Zé Rico sentia por Santa Fé do Sul era coisa de cinema. Foi por esta razão que o filme de Nelson Pereira dos Santos, Estrada da Vida, que conta a trajetória da dupla foi realizado aqui. Foram protagonistas da estória Raimundo Silva, Zé do Prato, Edinho Araújo, Lourival Pires Fraga e o nosso diretor de O Jornal, Lelo. A película foi premiada e se tornou uma espécie de passaporte para a dupla se apresentar na China.
José Rico, depois da música, era apaixonado pelo futebol, tanto que fundou o “Milionários F.C.”. Além dele, o camisa dez, Cerezo, Olésio e o saudoso Buzo e outros jogadores remanescentes do Santa Fé F.C. da segunda divisão, faziam parte do elenco.
Como o nosso herói tinha propriedade rural em Aparecida do Taboado, de vez em quando passava pela AABB para jogar um racha. Certo dia ele chegou num Maverick incrementado, sujos de lama, a máquina e ele, para bater uma bola no clube. Depois da partida, fomos para o bar e, com o meu violão vermelho, que tive o prazer de lhe emprestar, deu um verdadeiro show com músicas de Roberto Carlos, Tim Maia, Caetano, Gil, Chico Buarque e Milton Nascimento. Além da minha pessoa, estavam presentes naquela apresentação inédita, Ortogamis, Adalberto, Orlando e Gino.
Como disse o grande poeta, ícone sertanejo do país: “Nesta longa estrada da vida, vou correndo e não posso parar, na esperança de ser campeão, alcançando o primeiro lugar, mas o tempo cercou minha estrada, e o cansaço me dominou, minhas vistas se escureceram, e o final desta vida chegou”.

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