Tópicos da Semana – Edição de 14/03/15.
Por Mário Aurélio Sampaio e Silva
Charge: Leandro Gusson (Tatto)
Panelaço
Com o preço da panela, que está pela beira da morte, é preciso que pensemos duas vezes antes de sairmos pras ruas amanhã para bater panelas, uma vez que uma unidade pode custar de R$ 50,00 a R$ 200,00, dependendo do tipo e marca, e, no ímpeto, poderemos amassá-la; daí, adeus panela.
Bate lata
O Brasil provavelmente será palco da maior manifestação popular desde o impeachment contra o então presidente da República Fernando Collor de Melo que, após ter disputado as eleições contra Lula, venceu seu opositor por uma pequena margem de 4,89%.
Manifestação aqui
Amanhã, partir das 15:00 horas, na Praça da Matriz, espera-se a concentração de um grupo suprapartidário, indignados com a corrupção deslavada, com o aparelhamento do Estado e com as desculpas esfarrapadas. Esperam, dentre outras medidas, pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, bem como o fim de toda a corrupção que assola nosso país, independentemente de partido ou coligações. Esse grupo acredita na necessidade de o povo parar mais de reclamar e começar a agir, exigir seus direitos e demonstrar abertamente que não concorda com a corrupção.
Massacre
Ano após ano, a carga tributária aumenta, mas os serviços oferecidos ao povo são medíocres. Falta educação, saúde, segurança, isso é fato. A inflação voltou, e também é verdade. Todo suor dos trabalhadores e da classe produtora está indo para o ralo da corrupção e da incompetência de nossos governantes.
Em baixa
Há boatos dando conta de que a rejeição ao governo Dilma Rousseff tomou conta do País. Segundo consta, pesquisas internas do Palácio apontam que a aprovação, que era de 47% logo após a eleição, despencou hoje para 7%. Os números desmontam o discurso do PT de que o descontentamento com o governo é da elite.
Lembrando
Collor, em sua campanha eleitoral, se autodenominou “o caçador dos marajás”, e, em favor dos descamisados, combateria a inflação e a corrupção. Muitas eleitoras chegaram a votar no candidato pelo simples fato do mesmo ser um verdadeiro “galanteador”, “charmoso” e “bonitão”. Do outro lado, vinha Luís Inácio Lula da Silva, na época entendedor do movimento sindical, apresentava-se como “o grande entendedor dos problemas dos trabalhadores”.
O feito
Nos primeiros 15 dias de mandato, Collor lançou um pacote econômico que levou o seu nome e que bloqueou o dinheiro depositado nos bancos (caderneta de poupança e contas correntes) de pessoas físicas e jurídicas. Entre as primeiras medidas para a economia, houve uma reforma administrativa que aboliu órgãos e empresas estatais, promovendo as primeiras privatizações, abertura do mercado brasileiro às importações, congelamento de preços e prefixação dos salários. O Plano Collor, como era denominado, trouxe a maior recessão da história brasileira, resultando no aumento do desemprego e nas quebras de empresas.
O blá de agora
Assim que teve início o pronunciamento pela presidenta Dilma Rousseff em cadeia nacional de rádio e televisão nesta segunda-feira, começou também, em algumas capitais do país, um protesto na forma de panelaço e buzinaço. Pelas mídias sociais, foram registrados protestos desse tipo em várias regiões do Brasil. Panelaços como esses acabam por expor “em praça pública” um repúdio à atual situação em que vivemos, não só do ponto de vista econômico, mas principalmente político.
Corrupção
Obviamente que diante das denúncias de corrupção noticiadas pela imprensa, era previsível que a população se manifestasse em algum momento. E não sabemos o que realmente acabará acontecendo amanhã, uma vez que as redes sociais estão convidando os cidadãos para irem às ruas. Daí que a coisa pode complicar.
Com vocês, a presidenta
Na segunda-feira, 9, a presidente Dilma Rousseff, em entrevista disse que “aqui, as pessoas podem se manifestar, e tem espaço para isso, e têm direito a isso. Qualquer forma de violência nós não podemos aceitar, mas manifestação pacífica, elas são da regra democrática. Eu acho que há que caracterizar razões para o impeachment, e não o terceiro turno das eleições”.
Eleições
Ainda segundo ela, “a eleição acabou, houve primeiro, houve segundo turno. Terceiro turno das eleições para qualquer cidadão brasileiro não pode ocorrer, a não ser que queiramos uma ruptura democrática. Se quiser uma ruptura democrática, eu acredito que a sociedade brasileira não aceitará rupturas democráticas. Quem convocar, convoque do jeito que quiser. Ninguém controla quem convoca. A manifestação vai ter as características de quem convoca seus convocadores, agora ela em si não representa nem a legalidade, nem legitimidade de pedidos que comprem a democracia”
Mais Dilma
“É muito prudente o País perceber que ele precisa de estabilidade, ele precisa amainar todas as situações de conflito porque nós estamos enfrentando uma fase aprofundada da crise econômica. Nós precisamos de estabilidade. Não acredito que os brasileiros sejam a favor do quanto pior melhor. Os que são a favor do quanto pior melhor, não têm compromisso com o País”.
A gente somos inúteis
A música do grupo Ultraje a Rigor – Inútil –, quando diz “A gente não sabemos escolher presidente; A gente não sabemos tomar conta da gente; A gente não sabemos nem escovar os dente; Tem gringo pensando que nóis é indigente…” retrata perfeitamente, de um modo geral, o nosso lindo povo brasileiro.
Raça
No geral, somos uma gente que fala errado, que lê muito pouco, que se informa menos ainda, que se vende por uma cesta básica, por uma bolsa família etecetera e tal.
Velha história
Elis Regina, em plena ditadura, dentre várias canções de sucesso, tinha em seu repertório “O bêbado e o equilibrista”, que dizia “Caía a tarde feito um viaduto…”, fazendo referência a um viaduto envolvido em desvios de verba e problemas de materiais de segunda linha.
O buraco é mais em baixo
Nossa corrupção é histórica, e ela não é deste ou daquele governo; ela pertence a uma interpretação ética, que vem desde um furar de fila de banco ou estacionar nossos veículos em locais sinalizados para deficientes físicos.
Incompatibilidade
É bem provável que essas mesmas pessoas que furam fila, estacionam seus veículos em locais impróprios, sonegam um “impostinho” aqui, outro acolá, são as mesmas pessoas que hoje estão reclamando da corrupção do governo.
Ética?
Por onde anda nossa ética? Em nosso País a corrupção é claramente negociada, e parece que somos extremamente éticos e estamos prontos para atacar quando temos algo que não nos favorece; e, quando nos é favorável, damos logo aquele “jeitinho” brasileiro para ganharmos algum milhões, bilhões, ou sei lá o que.
Acordemos!!!
Hoje, além da maior capacidade de investigação, existe uma sensibilidade pública muito mais forte e uma grande vontade de se ter uma nação diferente. Contudo, a mudança tem que começar em nós mesmos, pois de nada adianta partimos para as ruas se somos coniventes quando nossos filhos, por exemplo, copiam um trabalho na internet para ser entregue ao professor.
Educação
Sem moralismos, é preciso que entendamos que muitos indivíduos que têm raiva da corrupção hoje em dia educam seus filhos, no sentido do que é mentir e não mentir, do que é seduzir ou não uma criança com elementos de corrupção, ou seja, na medida em que “forçamos” nossos filhos a fazerem algo mediante a possibilidade de receberem alguma coisa em troca.
Verdades e mentiras
Eduardo Cunha teria declarado que se o povo se manifestar nas ruas, ele colocaria o pedido de impeachment em pauta de votação contra a presidente Dilma Rousseff. Essa declaração pode ser resultado de mentiras criadas ou verdades ditas, mas nem uma e nem outra foram desmentidas pelos seus autores até agora e, diante da omissão, são divulgadas como se fossem verdades ditas e se propagam como se fossem pestes. Resta a nós esperar o que vai dar, ou partir pras ruas, pois o fato é que não aguentamos mais esse modelo de política praticado neste lindo Brasil.