Parábola da Corrupção

Publicado em 27/03/2015 23:03

A história da serpente no paraíso, que seduz Eva com a maçã e, por conseguinte, Adão é a síntese do comportamento humano.
Ali está tudo dito. A corrupção é irresistível. Nem Deus pode controlá-la.
Nós somos corruptos por nascença. Todo mundo quer levar vantagem. É na fila do supermercado, no jogo de futebol, na escola do filho ou na saúde da mamãe.
Na política a corrupção é uma traça, que vai corroendo todo o tecido do país, cobrindo a extensão de sua geografia, com paciência de um jabuti, a voracidade de um leão, sem deixar família sobre família, partido sobre partido, ideologia sobre ideologia, discurso sobre discurso, herói sobre herói, biografia sobre biografia, estadista sobre estadista.
Insaciável, a corrupção avança sobre os poderes da Nação, como se seu estômago não tivesse fundo. E não tem.
O corrupto é um jogador, profissional, aquele de carteirinha, diferente da gente. Cada vez procura superar novos obstáculos no seu ato de corromper e, ao vencê-los, se compraz com o gozo da vitória, num exercício de superação de desafios. Ele é um doente em potencial, um ser que quer acumular bens sem olhar a quem.
O corruptor não poupa sequer os santos, os justos e as mulheres honestas.
O corruptor compra a mulher com quem se casa, os filhos que gera, os amigos que o cercam, as pessoas que lhe sorriem na rua, o porteiro, o sorveteiro, o sacerdote, o juiz, o guarda de trânsito, os profissionais liberais, o mundo.
O corruptor é antes de tudo uma boa praça, bonachão, tipo vaselina, não se estressa, pois sabe que não vale a pena, tudo na vida tem um jeitinho. É questão de dinheiro, muito dinheiro e, ele tem para dar e vender.
O corruptor é pragmático. Não dá importância quando o corrompido perde o emprego ou é processado. Ele simplesmente não perde tempo com isso, pois não lhe dá futuro político!
Moral da história: “O corruptor só existe porque tem quem pode ser corrompido”.

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