Gavas pede investigação em casos de abandono de animais
Gatos foram trancados em mala, abandonados e morreram, e filhote de cachorro foi atropelado e cruelmente abandonado sem socorro
Por Daniela Trombeta Dias
O Gavas – Grupo Santafessulense de Apoio à Vida Animal – foi fundado em setembro de 2006 por ativistas, com o objetivo de oferecer castração a cães e gatos, visando diminuir o número de animais abandonados pelas ruas da cidade.
De lá para cá, o Grupo já enfrentou algumas lutas para obter melhorias no Centro de Zoonoses, local usado para a realização da castração de animais, e, também, abrigo para os animais doentes ou acidentados e que se encontram em situação de abandono.
Embora o objetivo seja a castração, segundo os ativistas, as pessoas acabam buscando ajuda e tratamento para animais que sofreram maus tratos, foram atropelados ou abandonados. “Simplesmente nos solidarizamos e os recolhemos, mas a situação chegou a um ponto que a população tem plena certeza de que somos obrigados a cuidar de todos os animais, e mais, que temos que recolher ou adotar todos os animais que eles não ‘podem’ cuidar como, por exemplo, ninhadas de filhotes”, contou a presidente do Gavas, Josi Scar.
Ainda segundo ela, os animais são abandonados em frente às casas dos ativistas, assim como no Centro de Zoonozes. “Temos muito a dizer, mas, para resumir, é preciso que a população entenda que nosso trabalho é voluntário, o fazemos de coração, mas não temos como atender fora do horário comercial e além da capacidade física do Centro de Controle de Zoonozes”, ressaltou.
Gatos abandonados em mala
Os ativistas lidam todos os dias com casos de abandonos e maus tratos de cães e gatos, e, na última semana, outros dois abandonos aconteceram. No domingo, 5, pela manhã, a ativista e professora da Funec, a bióloga Eliana do Amaral Gimenez encontrou em frente à sua casa, na rua 1, uma mala contendo 9 gatos.
Segundo ela, na madrugada daquele dia, por volta da 1:00 hora, acordou com o latido de alguns cachorros; porém, saiu para verificar e não encontrou ninguém. Pela manhã foi que avistou uma mala de 40 centímetros de largura, devidamente fechada pelo zíper, sendo que no zíper foi colocado um alfinete para impedir que o mesmo abrisse. Ao verificar, encontrou nove gatos, sendo 8 machos e uma fêmea. Dos nove, apenas dois filhotes estavam vivos.
Os corpos dos gatos foram periciados e foi constatado que morreram por asfixia.
A Polícia Militar foi acionada, porém os policiais voltaram à base depois que constataram que os animais estavam mortos. Posteriormente o Gavas registrou um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil.
De acordo com o tenente Benitez, os PMs retornaram à base da polícia, onde tentaram entrar em contato via fone com o telefone de plantão do Centro de Zoonozes, mas não obtiveram atendimento. “Os policias orientaram que fizessem B.O. na Polícia Civil”, informou ele.
“Pedimos para que quem tiver informações que leve ao responsável por este ato tão cruel, que informe à polícia. Esse crime deve ser investigado e o responsável penalizado. Os animais foram colocados vivos na mala e morreram um a um sem conseguir respirar, e não tem como isso ficar impune. Existem leis de proteção aos animais e multas e outras condenações contra esses crimes, e são as autoridades como a polícia que devem começar a executar o cumprimento dessas leis”, enfatizou a ativista Conceição Lizidatti.
Cachorra atropelada
Outra situação registrada ocorreu no fim da tarde de quarta-feira, 8, em frente à casa da presidente do Gavas, Josi Scar. Uma mulher, acompanhada de um homem, abandonou uma filhote de cachorro atropelada. “Ela estava envolta em um pano com duas patas dilaceradas, vítima de atropelamento”, contou Josi.
Segundo o designer e ativista do Gavas Paulo André Freddi da Silva, antes de deixar o filhote em frente à casa da Josi, a mulher chegou a perguntar para uma vizinha se era ali mesmo que a presidente do Gavas morava. “Pouco tempo depois, quando a vizinha entrou em sua residência, a mulher deixou o cachorro em frente ao portão da Josi e foi embora”, contou ele.
Câmeras de segurança instaladas na casa da presidente do Gavas flagraram toda a ação. “O filhote foi enviado para uma clínica veterinária, onde se encontra internado. A pata da frente, do lado direito, terá de ser amputada. Ela encontra-se muito machucada e fraca. Quando a pegamos, ela gemia muito de dor. Era visível o grande sofrimento dela”, contou Paulo André.
Josi disse que acionou a PM, que, por sua vez, compareceu algum tempo depois, e um Boletim de Ocorrência foi registrado posteriormente na Polícia Civil.
“Esse foi mais um ato de crueldade. Temos a impressão de que as autoridades não dão a mínima importância para casos de crueldade com animais, assim como a população não se importa em abandonar, maltratar ou matar esses bichos inocentes, e isso tem que mudar”, ressaltou ela.
Josi enfatizou que as pessoas precisam entender o verdadeiro objetivo do Gavas. “As pessoas e as polícias precisam entender porque nosso grupo existe. Nossa obrigação é nenhuma. Nós fazemos aquilo que nos propusermos a fazer. Como não somos assalariados, ninguém votou em nós, ninguém tem o direito de nos exigir nada. Não autorizamos nenhum órgão público a encaminhar essas ocorrências para nossas residências. Ninguém pensa duas vezes em deixar animais em nossa porta, e poucos se juntam a nós para ajudar no trabalho, seja vendendo pães de queijo para custear castrações ou sendo voluntários para passear com os cães que ficam no Centro de Zoonoses. Esperamos que os dois casos sejam investigados e que os culpados responsabilizados por atos tão cruéis”, finalizou ela.