Ser corinthiano: essa é a vitória!
Trago esta semana um texto genial publicado pelo respeitado jornalista Mauro Beting, palmeirense de carteirinha (porém, esse sim, ao contrário de alguns, inteligente), sobre o Corinthians e sua torcida.
Apesar de ter sido escrito há alguns anos, retrata bem a força de um sentimento que se renova diariamente.
“São 5.000 jogos corinthianos no domingo, contra o Bragantino.
Poucos foram ao primeiro.
Muitos irão ao jogo 500000000000000000000000….
Como muitos torceram contra nos 4.999 anteriores.
É a conta que se paga por tanta paixão.
As maiores torcidas do país não são as de Flamengo e Corinthians.
São as torcidas antiflamenguistas e anticorinthianas.
Sei de gente que ama odiar os mais populares times do país.
Sei de torcedor que preferiu ver o rebaixamento ao próprio time campeão.
Sei de gente que torce mais contra que a favor.
Não se pode recriminar. Faz parte do jogo.
Mas quem, como eu, não é Corinthians, de fato, não sabe falar pelo corinthiano.
Queria dar o espaço a tantos amigos e colegas corinthianos.
Eles falam e sentem e sofrem e vibram melhor.
Só que acho mais sincero um depoimento de quem não é.
Mas que respeita demais quem é.
Quem nasceu Corinthians.
Quem morreu Corinthians.
Quem vive Corinthians – porque viver um amor desse não se usa no passado, nem no futuro.
É um presente. É um dom.
É uma doação, mesmo quando mais parece uma danação.
Como foi de 1954 a 1977.
Como será a Série B.
Como gosta o “maloqueiro e sofredor, graças a Deus”.
É sina.
Que não se explica, que fascina até quem não é, até quem não gosta.
Não sei explicar o Corinthians.
Nem os corintianos conseguem.
Só sei que o jogo 5.000 é um marco.
Marca.
Uma festa.
Mas, no fundo, é mais um jogo para quem nunca vai abandoná-lo.
Tanto faz se é 4.999 ou 5.001.
Tanto faz se vai ter Rivellino ou Bruno Octavio em campo.
Não importa o campeonato, o amistoso, o adversário.
Importa é que o Corinthians vai estar em campo.
Aliás, que não me leiam: não importa nem mesmo se o Corinthians estará jogando.
O que importa é que haverá no estádio e em cada canto um fiel.
Um estado de espírito alvinegro.
Um torcedor que acredita sem ter o porquê; que torce sem ter por quem; que joga sem ter com quem.
O corinthiano não torce por um time.
Ele torce pela torcida.
Por isso, não precisa a equipe estar em campo.
Basta um corinthiano encontrar um corinthiano pela cidade.
Esse é o jogo. Essa é a alegria. Essa é a vitória.
Esse é o título incontestável. Um torcedor que se sente campeão só de ver um outro torcedor.
Isso não explica nem de longe o que é o Corinthians.
Mas, do lado de cá (do microfone e da imprensa há 17 anos, da arquibancada a minha vida toda), posso dizer que não é preciso o Corinthians entrar em campo para vencer.”