FÉRIAS DE RICO E FÉRIAS DE POBRE
São nos meses de janeiro e fevereiro que agora a famosa classe emergente tira suas férias com a família. O motivo é simples: Crianças de férias, verão, e todos se programam para voar naqueles aviões agora disponíveis para todas as classes sociais.
Só que, o que deveria ser lazer e descanso, vira um inferno. Aeroportos cheios, vôos cancelados por causa da chuva ou da neve, ruas interditadas e atendimentos sem qualidade transformam em desastre a maioria das tão esperadas férias. Mas não tem outro jeito. Pobre só pode viajar na alta temporada.
Já quem é rico, e quando falo “rico” estou falando de quem viaja de primeira classe e escolhe a primavera e o outono para curtir suas férias dentro ou fora do país.
Quando escolhe o verão, vai para uma ilha paradisíaca em que o número de pessoas para se hospedar é controlado para não afetar o meio ambiente.
Vão de helicóptero ou lancha com todas as bebidas e petiscos servidos por um marinheiro geralmente bonitão e têm praia particular na qual não se misturam com o povão que pensa que virou rico de uns anos pra cá.
Se o rico sai do Brasil e tem cultura suficiente pra viajar alhures, passa longe dos shoppings e dos resorts all-inclusive. Isso é coisa de pobre. O rico escolhe uma vila charmosa num canto romântico da Itália, França ou outro país qualquer onde, com certeza, não vai encontrar brasileiros gritando o garçom para trazer mais cerveja e reclamar que a caipirinha está quente.
Na verdade, a diferença entre os novos ricos e os ricos de berço é que os segundos fazem suas compras de free shop dentro do avião e recebem em casa. Aproveitam seu tempo livre para conhecer as belezas naturais e culturais dos lugares que se programam para visitar e não se deslumbram mais com neve ou as águas cristalinas do Caribe.
Os que atualmente se consideram ricos por que podem comparar um pacote ou alugar uma casa de veraneio começaram esta jornada turística de uns 10 anos para cá e ainda vão ter muito que aprender para não transformarem suas férias numa maratona de cansaço e aborrecimento.
Deixo bem claro aqui que não descrimino nenhuma destas escolhas. Todos devem viajar ou então sentar na sua sala refrigerada e assistir o Discovery Chanel. É uma terceira opção para conhecer o mundo, não se misturar com o povão e continuar acumulando dinheiro sem curtir a vida, a natureza, a cerveja na praia, a Indonésia, as boladas de areia, a novidade gastronômica na Espanha ou bolinho de peixe em Rubinéia. O essencial é ter prazer e saber curtir a vida ou admitir que ainda não aprendeu a fazer isso, o que prova que o dinheiro não é tudo.