A hora e a vez de Augusto Lulla Matraga
Todo mundo tem a hora e a vez, como teve Augusto Matraga, protagonista da primeira obra de Guimarães Rosa, tema que trata o maniqueísmo, ou seja, a visão dualista de mundo que o separa em dois pólos opostos: o bem e o mal que define muito bem a virgem casta e pura e a prostituta devassa; o trabalhador pai de família e o vagabundo; o mocinho e o bandido; o político honesto e o corrupto.
Assim como na saga de Sagarana, Nhô Augusto é tal qual o Lulla. O mocinho tem certeza que é o “o arranca-toco, o treme-treme, o come-brasa, o pega-a-unha, o fecha-treta, o tiraprosa, o parte-ferro, o rompe-racha, o rompe-e-arrasa e o c… grosso de Caetés, portanto ele pode fazer de tudo nessa m… de país.
A outra é a Dona Donóra, mulher de Nhô Augusto, tal como a presidenta Dillma, a “Miss Mentira” foge das judiações e o descaso do marido e se junta com a oposição.
O cerco está se fechando, os mocinhos estão prendendo os bandidos e, o chefe da gangue está para ser capturado.
Mas ao invés de Augusto Lulla Matraga ir para a cadeia ele é marcado a ferro e fogo e jogado da Pedra da Gávea, sem asa delta.
No conto de Sagarana o nosso heroi sobrevive. A exemplo do que sempre acontece neste país, vaso ruim não quebra. Será que haverá também o confronto final com o Joãozinho Moro Bem-Bem?
E o epílogo da estória poderá ser semelhante ao conto de Guimarães Rosa – “Augusto Lulla Matraga morre, porque havia chegado a sua hora e a sua vez, mas é aclamado como santo e salvador pela população canguru do país”.