APRENDI MUITO NESSES ANOS…

Publicado em 1/08/2015 00:08

Agora que cheguei na última etapa da vida aprendi a duras penas a não entregar o jogo logo no primeiro tempo, como ensina o poeta na canção.
Torna-se fácil entender que viver a dois é difícil, mas viver sozinho também e que, sem amigos, não somos ninguém.
Não vou negar que às vezes dá vontade: Entregar o jogo, pendurar as chuteiras, chutar o pau da barraca, enfim… Mandar tudo pra aquele lugar!
Mas as crianças nos mostram que a dor da queda é bem menor do que a satisfação de levantar e fazer outra estripulia, erguidos, orgulhosos da vitória sobre nós mesmos, nossos medos, nossas iras, nossas invejas… E melhor ter no joelho a cicatriz nascida de um tombo do que não ter corrido atrás da bola por medo de se machucar.
Aprendi agora ao chegar aos 60 que não são os outros que nos fazem cair. São nossos pés cansados que nos fazem tropeçar e desistir do caminho algumas vezes. Hora de parar, jogar tudo para o alto, respirar fundo e lembrar que essa vida é uma só e precisa ser aproveitada em todos os momentos de maneira inteira, e não aos pedaços, não aos “trancos e barrancos”.
E quando chega a hora de parar e refletir: O que eu aprendi nesses anos? Quem eu amei? Quem me amou? O que perdi e quem me perdeu? Quem me ganhou? Quantos me levaram nos braços e precisaram me consolar? Quantos eu coloquei no colo e enxuguei as lágrimas? Quem permaneceu leal ao meu lado, apesar das adversidades e opiniões contrárias? Quem eu escolhi e por quem fui escolhida?
Aprendi nesses anos que essa história de que devemos nos conformar com pouco é besteira. Coisa de quem tem vista curta, se ama pouco. Temos, sim, que correr atrás do que a gente deseja, parar de culpar os outros pelas nossas falhas, e começar a aprender tudo de novo com quem sabe mais que a gente e às vezes está ao nosso lado.
Viver intensamente pode parecer uma expressão comum, “batida”, mais muita gente não sabe nem o que é viver uma vidinha medíocre, quanto mais viver intensamente. Viver a intensidade dos loucos, dos desesperados por chegar, ou por partir. Viver só por viver, todo dia, sem ter vergonha de se apaixonar e ser feliz.
Aprendemos com o passar dos anos que a separação dói, mas muitas vezes é necessária. Assim como a folha que cai da árvore no outono.
Algumas relações em nossas vidas precisam acabar para que venham novas folhas seguidas de flores É preciso deixar que a saudade chegue de mansinho, pois esta é melhor que o desamor!
Descobrimos, sem dramas, que a vida não termina só porque um ano termina, uma relação acaba ou um filho voa prá longe de nós… Pode parecer insensível dizer isso, mas é verdade! Dói tudo: a alma, os olhos, os ossos, mas aí, com toda a dor, percebemos que as coisas no mundo continuam no mesmo lugar. Nada muda em função do nosso sofrimento.
Mudamos nós! Mais doídos, mais sofridos, mais experientes. Somos outras pessoas e, ao mesmo tempo, somos as mesmas que dormiram ontem desejando não acordar mais. Somos as mesmas que dormiram felizes e acordaram depressivas ou com outros sonhos…
Sou eu. Somos nós. Carregados de enganos e desenganos. Encarquilhados pelas perdas e esperançosos com o que a vida ainda pode nos surpreender.
Que bom que aprendemos muito! Que bom que esquecemos muito também! Só assim consegui recomeçar e recomeçar a cada dia sem perder a esperança e sem desesperar jamais!

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