Vitória da virtude

Publicado em 8/08/2015 00:08

A humildade venceu novamente.
Dessa vez, podemos notar isso no combate da lutadora americana Ronda Rousey contra a brasileira Bethe Correia (Bethe Pitbull, como é conhecida), na disputa pelo cinturão do UFC.
Era com muita preocupação que assisti alguns dias antes da luta a brasileira desprezar a combatente americana. Não apenas em suas palavras pesadas, mas nas atitudes diante da mesma, tanto no dia da apresentação oficial da luta para a imprensa, quanto no dia da pesagem oficial.
No início achei que aquilo se tratava de uma estratégia da nossa conterrânea. Para mim era quase como se ela, admitindo a inferioridade técnica, tentasse abalar o psicológico da adversária para tentar tirar a concentração da mesma no momento da luta. Ou seja, Bethe queria que Ronda partisse “com tudo” para cima dela.
E deu certo.
Ronda realmente partiu com tudo pra cima e venceu a brasileira com um belo e rápido nocaute.
A diferença técnica ficou tão evidente, que entendi que, de fato, a única intenção e estratégia que restara para Bethe, indiscutivelmente, era tentar tirar um pouco do foco da americana.
Não deu certo.
Primeiro porque pode-se notar que não houve apoio de grande parte da torcida brasileira por aquela atitude e palavras de desprezo.
Na verdade, ninguém suporta ver alguém ser rebaixado, por maior que seja quem o faz, e achar aquilo normal ou aceitável.
Pode parecer pleonasmo, mas, na essência da palavra, desprezar é uma atitude desprezível para quem o faz.
Vangloriar-se é mostrar-se pequeno demais. Minúsculo, aliás.
A presunção consegue apenas fechar portas e oportunidades. Já a humildade é capaz de cria-las para nós.
Ser humilde é ser humano.
Tenho fé que um dia todos entenderão isso.
Ah, e só para complementar, não bastasse a “surra” aplicada dentro do octógano a americana decidiu também mostrar que bate forte na desigualdade.
Ronda doou para o Instituto Reação, projeto social do judoca Flávio Canto, que tem sede na Rocinha, no Rio de Janeiro, o cinturão conquistado no combate contra a brasileira.
O objetivo é deixar o cinturão exposto no projeto e estimular ainda mais as crianças a seguirem o caminho do esporte.
“É um gesto pequeno porque eu queria fazer muito mais”, disse ainda emocionada Ronda Rousey, que já fez, aliás, doando em setembro de 2014 a quantia de 30 mil dólares (cerca de R$ 102 mil) para o projeto.
Além da humildade, foi um grande gesto de solidariedade da lutadora.
Mais um ponto para ela. Mais uma vitória da virtude humana.

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