O tiro saiu pela culatra
Nós já ouvimos milhões de vezes esta expressão popular – “o tiro saiu pela culatra”. Agora, neste momento de crise econômica, mais do que nunca esta sina se concretizou.
Em uma cidadezinha do norte do Paraná chamada de Santo Antonio da Platina, de 40 mil habitantes, foi marcada uma sessão extraordinária na Câmara Municipal. Os nove vereadores aprovaram em primeira discussão o projeto de lei que previa o aumento do salário dos cargos do Executivo e do Legislativo.
Porém, no dia da primeira votação, uma empresária, presente no plenário, se revoltou com o aumento e reclamou desse abuso aos edis. A situação foi registrada em vídeo, e as imagens se espalharam pela rede social.
Com a repercussão pela internet, a população lotou a galeria da câmara na segunda votação, e o projeto inicial de aumento salarial foi alterado.
O plenário da Câmara foi palco de uma manifestação histórica em um dia em que cidadãos que pagam impostos se uniram para forçar o recuo dos políticos, vereadores, que em plena crise queriam dobrar seus ricos salários.
Eles só não contavam com a reação, com a mobilização popular.
A atitude de cidadania da empresária Adriana Oliveira, que aglutinou todo o povo de uma cidade, prova por A + B, que uma andorinha pode, sim, fazer verão.
Com a indignação da população foi aprovada uma redução salarial de toda cúpula legislativa e executiva, cujos valores passam a valer a partir dos próximos mandatos que começam em janeiro de 2017.
De acordo com a emenda do projeto, o salário do prefeito, que iria de R$14,7 mil para R$ 22 mil, será agora de 12 mil. Já o salário do presidente da Câmara, que passaria de R$ 4 mil para R$ 8,5 mil, vai ser de R$ 970,00. O dos vereadores, que subiria de R$ 3,7 mil para R$ 7,5 mil, também será de 970,00. O projeto passou com votos de sete contra um, já que o presidente da câmara não vota.
O que pode estar atrás desta atitude tão benevolente dos vereadores em questão?
Como será que da noite para o dia o espírito de trabalho voluntário encarnou na maioria destes políticos platinenses?
Se o prefeito, Pedro Claro de Oliveira Neto vetar o projeto, eles se sairão como heróis e o povo terá de pagar pela educação, saúde e transporte.
Esperamos que essa história real tenha um final feliz e que a população não tenha de levar o tiro pela culatra.