Há luz no fim do túnel?

Publicado em 19/09/2015 00:09

Há muitos anos que estamos sendo comandado por uma geração ideológica que nos “Anos de chumbo” combatia a ditadura, segundo o articulista da Folha, Ferreira Gullar.
Começou com o grupo de Fernando Henrique Cardoso, que era de uma esquerda moderada, governou até 2002, quando Luiz Inácio da Silva ganhou as eleições e, com isso, a facção mais radical daquela geração assumiu o governo e nele se manteve até agora, no segundo mandato de Dilma Rousseff.
Essa é uma geração que, em diferentes graus, situava-se à esquerda dos que apoiaram a ditadura e se aliou, consequentemente, aos partidos que pregavam o marxismo, embora não fosse aquele seu pensamento.
Nesse quadro, nasceu o Partido dos Trabalhadores, liderado por um operário e formado por simpatizantes da Revolução Cubana. Os grupos guerrilheiros, dos quais Dilma, Genoino e outros, titulares da luta armada, foram destroçados, e o sistema soviético em seguida desabou.
Deste modo, quando o PT chegou ao poder as fantasias revolucionárias de Zé Dirceu já estavam fora de moda. Hoje podemos constatar que os escândalos do mensalão e, agora, as delações da Operação Lava Jato revelam que, se Lula e sua turma foram de fato revolucionários algum dia, ao chegarem ao poder mudaram de projeto, se transformaram do dia para a noite em “Madre Teresa de Calcutá”.
Como a postura revolucionária não tinha mais cabimento, que fazer com o poder que lhes caíra no colo? Deixar que este tesouro escapasse de suas mãos foi a primeira preocupação dos companheiros. E para que isso não acontecesse providenciaram o tradicional “pão e circo” para manter e ampliar o apoio do eleitorado pobre. Por outro lado, não dividir com ninguém os cargos importantes da máquina do Estado, como os ministérios e as grandes empresas estatais. Aliou-se com os pequenos partidos, aos quais, em vez de dar altos cargos, comprou com dinheiro público: o mensalão.
Tendo nas mãos os ministérios e estatais, infiltrou-se com a nomeação de mais de 20 mil “companheiros”, sem concurso, a fim de que cedessem parte do salário ao partido e trabalhassem pela ampliação do número de novos militantes do governo.
Além disso, apropriou das grandes empresas do Estado e, particularmente da maior delas, a Petrobras. As licitações de centenas de milhões de reais eram manipuladas por altos funcionários, ligados aos partidos do governo, e representantes de grandes empreiteiras que resultaram em prejuízos bilionários pelos custos de obras duplicadas e as propinas distribuídas aos partidos e participantes das falcatruas.
Como disse Ferreira Gullar em sua conclusão: é inacreditável que estes companheiros agem sem remorsos, uma vez que, sendo eles, os defensores dos verdadeiros interesses nacionais, julgam se com o direito de se apropriaram dos bens públicos. Esse é um tipo de populismo que, se arvorando defensor dos pobres, atribui-se o direito de usar de qualquer meio, inclusive a corrupção para manter-se no poder.
A dupla Dilma e Lula só não contaram com duas coisas: que a gastança demagógica levaria o país à crise econômica e que suas falcatruas seriam reveladas à opinião pública. Foi o que os governos petistas fizeram nos últimos anos, sob a justificativa de exterminar a pobreza em contrapartida, delapidar com pá carregadeira, os cofres públicos. Agora que o engodo se desfez e a credibilidade da presidenta despencou, em vez de criar novos impostos, como a CPMF, reduzir gastos com educação, saúde, transporte e segurança, não seria melhor cortar a receita na própria carne, reduzindo os ministérios, os cargos em comissão e os seus próprios salários que pode ser a luz no fim do túnel que tanto estão procurando?

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