As dificuldades de alguns estrangeiros que vivem na região

Publicado em 19/09/2015 00:09

Carolina e Manik são naturais da Argentina e Bangladesh, respectivamente, e moram no Brasil há algum tempo

Por Lucas Machado

matéria estrangeiros capa (1) matéria estrangeiros capa (2)A cada ano que passa o número de pessoas que imigram de um país para o outro aumenta, seja a passeio, a trabalho, ou para estudos.
No Brasil, isso ocorre com frequência, e, de acordo com Consulado Brasileiro e o Ministério de Relações Exteriores, em Brasília, há uma estimativa de dois milhões de brasileiros vivendo fora do País.
Em contrapartida, o número de estrangeiros no Brasil também cresce a cada dia. Eles vêm passar um tempo para aprender e trocar experiências. No ano passado, apenas de estudantes, o número de estrangeiros ultrapassou 100 mil.
Neste ano, de acordo com dados do Ministério do Trabalho, no primeiro semestre, 18.213 estrangeiros receberam autorização para trabalhar no Brasil.
Em Três Fronteiras, vive Carolina Alves de Melo, de 21 anos, que é natural de Capitán Sarmiento, na Argentina. Ela conta que seu pai, que é brasileiro, foi para a Argentina para trabalhar e casou-se com sua mãe, e por essa razão sempre visitava o Brasil.
Carolina conta que há quase cinco anos veio com seus pais e suas duas irmãs para o Brasil, quando seu pai sofreu um acidente de trabalho. Dentre as dificuldades, Carolina destaca o idioma, visto que na época estava no ensino médio, e que era difícil acompanhar as matérias na escola e fazer amizades. “Meu pai teve que ficar seis meses de repouso, o que levou passar por certas dificuldades, daí a necessidade de buscarmos novas oportunidades no Brasil”, disse.
Ela conta que quando chegou ao Brasil para morar, sentiu-se como se estivesse de férias. “Quando cheguei, me senti como se estivesse vindo a passeio novamente. Não tinha caído minha ficha de que eu moraria no Brasil, e, quando percebi já havia se passado alguns meses. Fiquei um pouco triste, pois tudo é diferente, os costumes, o modo com que os jovens saem aos finais de semana, a culinária e o clima. Sentia muita saudade da minha família da Argentina e dos meus amigos”, conta ela.
Atualmente, Carolina cursa o terceiro ano do curso de Odontologia na Funec, e possui muitos amigos. “Sinto saudades da Argentina, da minha família por parte da minha mãe, mas não tenho vontade de voltar para morar, pois percebi que aqui tudo é melhor”, finalizou.
Manik Bepary, de 33 anos, natural de Faridpur, estado de Daca, em Bangladesh, vive em Fernandópolis desde janeiro de 2013. Ele conta que veio para o Brasil, pois se apaixonou por uma mulher brasileira.
“Vim para cá com a minha esposa, quando decidimos nos casar e ficarmos juntos. Inicialmente, tive medo, pois me disseram que as pessoas aqui poderiam tirar meus rins para vender. Após conversar com minha esposa sobre isso, entendi que eram apenas boatos. No dia que desembarquei, em 20 de janeiro de 2013, após 48 horas de viagem, estava muito cansado, mas muito animado por conhecer um país tão distante do meu, e com cultura diferente também, mas, ao ver as pessoas, me senti muito chocado pela forma com que as mulheres se vestiam aqui, com roupas muito curtas e decotadas”, contou Manik.
De acordo com ele, as principais dificuldades foram conversar com as pessoas, se adaptar com a comida e a burocracia.
“Precisei de atendimento na Santa Casa e a atendente ficava me perguntando sobre meus documentos. Ela não entendia que eu tinha autorização no passaporte para ficar no país. Demorei a ser atendido. Percebi também a grande dificuldade que as pessoas aqui na região têm em lidar com estrangeiros. Parece até que nunca houve nenhum estrangeiro por aqui. Outra coisa que me chocou foi que aqui as pessoas falam muitos palavrões. Não estamos acostumados com isso. Outra grande dificuldade é a comida, pois não comemos carne de porco, e o brasileiro usa muito bacon e derivados de porco. Não como fora de casa, só como a comida que eu mesmo preparo”, relatou.
Manik afirma que tem vontade de voltar para seu país, Bangladesh, pois não tem mais ninguém no Brasil, além de sua esposa, e, de acordo com ele, as relações entre as pessoas aqui são bem diferentes das de lá. “Em Bangladesh, há mais solidariedade entre as pessoas e as famílias. Atualmente, tenho uma loja de vestuário feminino, a ‘Manik Modas’, em Fernandópolis. Na verdade, eu queria muito um trabalho na minha área, soldagem industrial, mas, após um ano e meio desempregado, decidimos abrir a loja, trabalhando principalmente com roupas indianas. Eu também estudo na FEF – Fundação Educacional de Fernandópolis – o curso de técnico em eletrotécnica”, finalizou Manik.
Brasileiros fora do País
De acordo com Claudinei Eves, da Agência de Turismo Evestur, em Santa Fé, brasileiros que imigram para outros países estão em busca de uma melhoria nos rendimentos financeiros, tanto para si mesmo quanto para a família. ‘Quando retornam ao Brasil também fazem investimentos. Muitos vão sozinhos a trabalho e depois de um determinado tempo eles retornam. Outros vão e acabam se legalizando no país e morando por lá, mas ultimamente o que estamos tendo muito na agência é a procura da viagem para outros países para encontros que muitas vezes acabam dando certo, como relacionamentos, e os brasileiros acabam ficando em seus destinos”, disse ele.
Legalização
De acordo com a Polícia Federal de Jales, sobre a legalização, cada tipo de visto requer um procedimento, no entanto, todos os estrangeiros que entram no Brasil com o visto, independentemente qual o tipo, deverá fazer o registro na Polícia Federal da circunscrição que reside.
Os pedidos de permanência poderão ser requeridos nos consulados do Brasil no exterior, sendo necessário apenas fazer o registro na Polícia Federal quando adentrarem no território nacional, ou poderá ser requerido diretamente na Polícia Federal, desde que apresentados os documentos exigidos.

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