Joãozinho do Bandolim
Era o desabrochar da primavera dos idos de 1927. No dia 21 daquele ano, o cenário era a Fazenda Ipê, no município de Boa Esperança encravada entre Jaú e Araraquara. O casal, D. Idalina Maria e Elpídio Honório de Souza, administrador da fazenda, radiante com o nascimento do filho João Honório, convidou os parentes e amigos para comemorarem este grande acontecimento. Como sempre acontecia por ali, a música interpretada pelos cantadores, violeiros e sanfoneiros do local atravessavam a madrugada. Foi neste clima alegre, sobretudo de muito amor e felicidade, que o nosso herói de hoje cresceu. Aos dois anos de idade, Joãozinho e sua família foram para uma propriedade denominada Água do Paiol, próximo ao Cemitério dos Brito, em Araraquara. Na “Morada do Sol” completou o primário e em seguida foi estudar na Escola Agrícola de Ribeirão Preto. Em 1949, em Pirassununga, serviu o Exército e foi da turma da cavalaria daquele ano. Depois trabalhou por sete anos na Nestlé, em Araraquara.
Casou-se em 1953, com Davina Camilo, de São Carlos, a qual foi sua única rainha até o seu falecimento há oito anos. Desta feliz união nasceram os filhos Denilton Robson e Lorival Honório. Depois a família foi para Jaú e em seguida, Santa Fé do Sul, onde o casal teve os filhos Marcos Aparecido, Davina Honório, João Celso e Delvana Cristina. Aqui, em Santa Fé, trabalhou com o saudoso José Roberto, o primeiro eletricista da cidade. Com ele aprendeu a enrolar motor e toda a parte elétrica de uma oficina mecânica e, se tornou eletricista, profissão que pratica até hoje, aos 88 anos de idade. Além desta incrível marca em relação ao trabalho, Joãozinho possui um dom musical que proporciona aos ouvintes um show à parte. Deste os tempos da mocidade já participava, na fazenda, com os mais veteranos, das rodas de viola com o seu cavaquinho, inspirado no método Paraguassu. Dono de um ouvido absoluto é especialista em afinar violão, viola. cavaquinho e bandolim. Assim de Joãozinho do Cavaquinho passou a ser Joãozinho do Bandolim, quando adotou o método Célio, o mesmo utilizado no violino. O nosso herói tem orgulho de ter tocado com músicos sanfoneiros, tais como Luizinho, Garcia, Jipão, Euclides, Waldemar Herrera e o saudoso Tonhão. Na música popular brasileira foi parceiro de Evandro do Bandolim, Osmar Novaes, Ditão, Amaury Whitaker, Baxiclides Basso, João da Guitarra, seu Dico do Violino, Pedro Evangelista e outros músicos que já se foram. Hoje, Joãozinho é companheiro das apresentações musicais e serestas junto com Nego Caçador; Jerônimo Xavier e Maria Rocha; Percival e Lúcia; João Borges; Zenóbio; Rubens; Lusmarina e Nelson; Faustino; Antônio da Venda; Euricão; Raimundo Silva; Maria Emília e Nonato; Evandro do Pagode; Otilia; D. Zilda; Watanabe e tantos outros.
Uma das maiores façanhas realizadas por ele aconteceu nos idos de 1998. Junto com Nego Caçador, Ditão Pintor e o conjunto “Os Canarinhos” de Paranaíba, participou da festa de inauguração da luz elétrica na fazenda de José Carlos Bonfim. Foram cinco dias de comemoração, bancada por três fazendeiros da região que mataram três novinhas para serem servidas no churrasco.
O nosso personagem de hoje recebeu da Ordem dos Músicos do Brasil, Diploma de Honra ao Mérito em reconhecimento ao trabalho realizado, enaltecendo a arte e a cultura brasileira, na Estância Turística de Santa Fé do Sul. O grande artista Joãozinho, admirado por todos os amantes da boa música, possui um fã clube de respeito – são os netos Cleber, Eder e Rodolfo, de Denilton; Érik, do saudoso Lorival; as netas Joice, Karen e o neto Vinicius, de Davina; Murilo e Mariana, de Marcos; Isabelle, de João Celso; Felipe e Ana Júlia, de Delvana; além de dois bisnetos queridos.