Tem que entender pra valer à pena
Quando chega a hora de escolher alguém, na verdade não o fazemos baseados na razão ou na lógica. Estar apaixonado implica em desejo e atitudes muitas vezes inconsequentes. Estar apaixonado é se deixar envolver por palavras doces e promessas que, quando a paixão acaba, o vento leva.
A paixão, que dura no máximo seis meses, para virar amor que será eterno enquanto durar tem que contar com outros elementos muito mais fortes que o desejo e o próprio amor. Quem ainda não viu duas pessoas que se amam terminarem a relação, mesmo sofrendo, e depois serem felizes com outras que nem amam tanto assim? Ambos sofrem, mas depois se acostumam e tudo passa, pois as diferenças eram muitas.
Isso acontece quando não há entre os dois afinidades e compreensão para dar suporte às mudanças que ambos sofrem com o decorrer do relacionamento ou defeitos que só são descobertos quando o véu da paixão voa para longe junto com as palavras de amor que ambos disseram.
Quando um entende o outro e tenta compreender o que se passa naquela alma que não é gêmea, mas pode ser irmã, percebe que, de alguma forma, mesmo que seja por caminhos diferentes ambos são parecidos e aí existe empatia e as afinidades tendem a prevalecer.
Quando já houve paixão e amor e o que restou foi a compreensão e amizade, a relação tende a sobreviver passando por cima das pequenas ou às vezes grandes diferenças e ideias controversas que ambos possam ter.
O verdadeiro sentimento que faz sobreviver uma relação não precisa de palavras. Basta um olhar. Basta um carinho quando as lágrimas do outro surgem de repente, sem explicação ou aparentemente sem motivo. Basta o silêncio para falar pelos dois: “Eu estou sofrendo”- chora um – “E eu estou te entendendo”! – silencia o outro. É quando você abraça a companheira de suas caminhadas e deixa o pranto rolar. De repente ela até chora por você, suas lágrimas presas e envergonhadas ou então, os dois acabam chorando juntos sabe lá Deus por que. E saem daquele momento aliviados, confortados e menos infelizes.
É a intimidade que cresceu entre o casal tendo como alicerce o entendimento, o orgulho de ter aquele alguém ao seu lado e a empatia para ajudar a suportar qualquer dor. Na verdade, é isso aí o verdadeiro amor. Amor cultivado com entendimento e baseado na afinidade, como as flores o são com a água que dá vida. Como um instrumento que precisa ser afinado para que a música que dele sai seja bela e nos comova.
Cada um é um e único. Mas se o outro conhece a nossa história, nosso passado, nossos valores e como enxergamos o mundo, fica mais fácil sermos dois. Um passa a fazer parte da vida e da história do outro, abusando de olhares e atitudes significativas e dispensando palavras vãs.
Quando não dá mais para sustentar o amor com palavras, o que nos resta e que realmente vale são os gestos, os olhares, os sinais.
É assim que reconhecemos quem amamos: Quando palavras não são mais necessárias e um simples olhar acende o desejo reacende a paixão e eterniza o amor.