Saiba o que fazer com as páginas de entes queridos nas redes sociais

Publicado em 14/11/2015 00:11

Por Lucas Machado

É impossível encontrar sequer uma pessoa que, nos dias atuais, não acesse pelo menos uma rede social. Dentre as mais acessadas, está o Facebook, que neste ano atingiu uma marca de um bilhão de usuários em apenas um único dia.
Segundo uma publicação de Mark Zuckerberg, criador do Facebook, o mesmo afirma que uma a cada sete pessoas do planeta utiliza a rede social.
Mas, o que acontece com nossas redes sociais quando falecemos? Sabemos que, em muitos os casos, parentes e amigos permanecem publicando nas páginas textos e imagens para recordar momentos com algum ente querido ou amigo falecido.
Conforme relatado pela ONU – Organização das Nações Unidas -, estima-se que 102 pessoas morrem no mundo por minuto. Ou seja, são 146.880 pessoas por dia.
Tendo em vista que cerca de 30% da população mundial utilizam redes sociais, como o Facebook e o Twitter, entre outras, temos que, a cada dia, 45.532 perfis tornam-se de usuários mortos.
De acordo com o técnico em manutenção e suporte de Informática, Phillipe Augusto Mingatos, a medida certa a tomar é enviar um e-mail para o Facebook ou qualquer outra rede social informando que o perfil deve ser desativado.
No Instagram, qualquer pessoa pode comunicar a morte de um usuário e transformar o perfil em memorial. Porém, apenas parentes diretos podem solicitar a remoção da conta.
Já no Twitter, diferentemente dos casos anteriores, além do registro de óbito, a rede exige uma cópia da identidade de quem está solicitando a remoção do perfil.
No Facebook, o usuário pode informar com antecedência se deseja manter sua conta como um memorial ou se deseja excluí-la de forma permanente.
“Para essas alterações, deve-se acessar, no canto superior direito do Facebook, a aba ‘configurações’, e, no menu à esquerda, a aba ‘Segurança’. Após isso, clique em ‘Contato herdeiro’, e, em ‘excluir sua conta de forma permanente’ e siga as instruções na tela. As contas transformadas em memorial são um local onde amigos e familiares podem se reunir para compartilhar lembranças após o falecimento de uma pessoa. A transformação de uma conta em memorial também ajuda a protegê-la, impedindo que as pessoas se conectem a ela. O Facebook só transforma a conta em memorial quando recebe uma solicitação válida”, explicou Phillipe.
Dependendo das configurações de privacidade da conta, os amigos poderão compartilhar memórias na linha do tempo do memorial. Os perfis transformados em memorial não são exibidos em espaços públicos, como nas sugestões do recurso ‘Pessoas que você talvez conheça’, em lembretes de aniversário e anúncios.
Nenhuma pessoa poderá entrar em uma conta transformada em memorial; entretanto, as contas transformadas em memorial que não tiverem um contato herdeiro não poderão ser alteradas.
Em contato com a psicóloga Ellen da Costa Assis, ela relatou que muitas pessoas veem a necessidade de manter as páginas dos amigos ou entes queridos falecidos online. “Isso é reflexo da mudança cultural que estamos vivendo, suscitado pelo avanço da tecnologia e principalmente pelas redes sociais, onde há uma mudança da vida off-line para o mundo online, transferindo também as questões relacionadas à vida e à morte. Além do que, saber que um dia a morte chega para todos nós, a consciência de finitude, o triste desfecho de todo ser vivo, é algo que gera angústia; inclusive na nossa cultura, aceitar a morte é um processo muito doloroso, penoso, e um tema que normalmente não faz parte das conversas de muitas pessoas, porém é algo presente durante toda a existência humana; e a perda de um ente querido é uma das experiências mais dolorosas para o ser humano. Nesse momento, o apoio da familia, religião e de um profissional é um fator muito importante para o enfrentamento do luto, e as redes sociais promovem essa aproximação com o enlutado”.
Dessa forma, Ellen explica que as redes sociais transformaram até mesmo a maneira de homenagear os mortos, em forma de memoriais online nos perfis desses que já se foram. “Então, aos poucos, os cemitérios e túmulos estão sendo trocados pela internet e pelas redes sociais, sendo compreensível, considerando as evoluções tecnológicas e também da mente humana”.
Ao manterem os perfis ativos, muitas pessoas permanecem publicando fotos e textos para relembrar daqueles que já se foram como uma forma de alivio da saudade sentida pelos mesmos. “O luto tem como resposta característica as fases de torpor ou aturdimento; saudade e busca da figura perdida; desorganização e desespero e, finalmente, maior ou menor reorganização, não acontecendo necessariamente nessa ordem, e o comportamento de postar e publicar fotos, mensagens, entre outras coisas nas redes sociais em perfis de pessoas mortas, entes queridos e amigos cabe na segunda fase do luto, em que há a busca pela figura perdida, pois, mesmo que haja compreensão e consciência da morte da pessoa querida, o entendimento emocional frente à essa questão é algo que demora um pouco mais para ocorrer”, explica a psicóloga.
Ela relata ainda que a pessoa enlutada busca a pessoa que perdeu, em imagens, sons, mensagens, e embora “manter-se conectado ao falecido” em princípio possa ser considerado um comportamento inadequado, que impede o enlutado de se dar conta da realidade da morte, ou seja, negando a morte da pessoa querida, tais formas de continuidade de vínculo, pouco tempo após a morte, em que há a procura pessoa, atualmente são consideradas atualmente bastante comuns. “Um luto normal, consciente e a sua elaboração é bem sucedida, apesar da dor do sofrimento vivido neste processo. Quando esse luto parece não ter fim, há um luto patológico, referente ao processo normal do luto”, finalizou Ellen da Costa Assis.

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