Leo da solidariedade

Publicado em 21/11/2015 00:11

Heróis mineiros atravessam a lama para salvar vítimas do desastre ambiental causado pelo rompimento de uma barragem de mineração, em Mariana, Minas Gerais.
Assim que a sexta-feira, 6, acordou, Minas Gerais tinha novos heróis. Durante a madrugada, apenas com luzes de lanterna, homens e mulheres abriram picadas na mata para levar socorro ao povo do subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana (115 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais).
Um deles, Danilo Caetano, 39, usou o conhecimento adquirido nos anos vividos na comunidade para criar caminhos alternativos para dezenas de pessoas deixarem a localidade destruída pela lama.
Uma servidora da Secretaria Municipal de Saúde – que não quis dizer seu nome,-mas que também passara a noite salvando gente da barragem rompida – contou que Danilo escalou até as copas das mangueiras para salvar cinco jovens. “Ele subia e descia esse morro com água e comida para alcançar as pessoas que não podia resgatar”.
Quando o dia amanheceu, exausto, Danilo deixou para trás a cidade. Em vez do agradável bar sob as mangueiras, lama. Em vez do campo de futebol, da igreja ou de sua escola, mais lama.
Com o carro Gol, Caetano dirigiu em alta velocidade e resgatou os moradores mais velhos, que não podiam subir correndo para as partes altas do distrito. Só deixou a terra em que vivia desde 1963 quando teve certeza que não havia mais como salvar alguém. “Foi rápido. Quatro e quinze (da tarde) a água chegou e Bento não existia mais. Se não fosse o povo de Bento e de Santa Rita – que, graças a Deus, ajudou a gente – tinha morrido muito mais gente”.
Esta é uma pequena história de heróis anônimos que se espalham pelo Brasil a fora. São criaturas abençoadas, voluntárias, de um espírito de solidariedade sem fim, comprometidas com seu povo, com sua gente, com a família.
Mas nós, também, na Estância das Araras Azuis e Amarelas, temos um herói.
O nosso herói de hoje é Leonardo Nogueira, que lidera uma campanha de arrecadação de água e galões para os mineiros de Mariana, Governador Valadares, Colatina e região que sofrem com a catástrofe ambiental.
Em união com voluntários da vizinha cidade de Jales, o grupo conseguiu dois caminhões para transportar trinta toneladas de água e galões para as cidades atingidas pela tragédia ambiental que ficam a 1.500 km de distância.
As doações estão acontecendo na Funec II, na Rua das Flores, 132, com a universitária Thelly, e na Rua Nove, 404, entre a Rua Vinte e Vinte e dois, na casa do nosso herói Leo.
“Precisamos ajudar esse povo que está sem água para beber, cozinhar e tomar banho – mataram o Rio Doce, agora só Deus para recuperá-lo” – foram as suas palavras na Rádio Dinâmica II, no Dinâmica News, quando convocou a nossa população para realizar um gesto de solidariedade.
Somos uma gota neste oceano de lama, mas se todos assim pensarem, unidos podemos mudar o panorama desta catástrofe.

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