Seo Chiquinho
Francisco Santana Carneiro nasceu, como ele próprio diz, nos Estados Unidos do Ceará, em Fortaleza, aos 24 de dezembro de 1928. Primogênito de D. Raimunda Santana, do lar, e José Batista Carneiro, tenente do Exército Brasileiro. Além de Francisco, os irmãos Geralda, Venício, Irani e o saudoso José, caçula, compõem a família.
Ao completar 87 primaveras, Seo Chiquinho é o nosso herói de hoje, uma verdadeira fortaleza, torcedor fanático da Associação Portuguesa Desportos, a Lusa do Canindé, que teve craques como Djalma Santos, Julinho Botelho, Leivinha, Marinho Peres, Enéas, Roberto Dinamite, Lorico e Dener.
Com o falecimento do pai, Chiquinho, com o seu clã, a “reca”, como dizia sua mãe, veio para Araçatuba, no início de 1936. Em Mirassol, o nosso herói terminou o grupo, fez o admissão, ginásio e o normal. Foi funcionário desde 1948, como contínuo da coletoria estadual. Ao passar no concurso estadual para agente fiscal de renda, ingressou no cargo público, em 1951. Em 1956, se casou com a princesa Maria Lourdes Pádua, na famosa Igreja Matriz de São Pedro, e no ano seguinte nasceu o seu primeiro filho, José Roberto, logo após o saudoso Francisco Santana Carneiro Filho, o Cisquinho, em seguida, Rosemary e depois a inesquecível Gisele, a qual eu sempre a chamava de “Gisele Bundchen”.
Em 1957 veio para Santa Fé do Sul como estagiário da coletoria estadual e ficou por três meses até ser transferido para a cidade, por determinação da Delegacia Regional Tributária. Iria ficar quatro anos, mas ficou no setor até se aposentar. Morava na Rua Doze, do lado onde hoje é a casa do médico Percival Trindade. Os seus filhos eram amigos dos filhos do médico Flávio Guimarães, principalmente; o José Jorge, que gostava muito de jogar bola. Foi contemporâneo de Lourenço Antonio Damine, coletor estadual, cujo departamento era ligado ao Posto Fiscal. O casal D. Ady, professora, e seo Lourenço Damine foram compadres de Seo Chiquinho, através do afilhado “Memé”, grande goleiro dos rachas da vida.
Em 1968, o nosso herói assumiu a direção do Posto Fiscal, e, em 1987, se aposentou. Aqui, estudou na Escola de Comércio Oeste Paulista, do professor José Clemente e do grande Mário Gobbi, e foi aluno de mestres, como José Benedito Calazans e José Gaspar Stefanoni.
Torcedor símbolo do Tênis Clube, adorava ver a jogadas de classe dos racheiros Adacyr, Vascão, Watanabe, Fordinho, Euricão, Pazim, Faride, Moringa e Honório Carneiro.
Numa tarde fria e chuvosa do dia 26 de agosto de 1973, Seo Chiquinho e Éttore Bottura, únicos torcedores da lusa, da Terra das Araras Azuis e Amarelas, foram assistir ao final do Campeonato Paulista, entre Portuguesa e Santos, no Morumbi. O jogo ficou 0x0 no tempo normal e na prorrogação. Na cobrança de pênaltis, em três cobranças, a Lusa do Canindé não havia marcado nenhum, e o time de Vila Belmiro, também em três tentativas, conseguiu fazer dois gols, com Carlos Alberto e Edu. O árbitro da partida, Armando Marques, imediatamente anunciou como campeão o Santos de Pelé e companhia. Os 116.000 torcedores presentes no estádio aceitaram a decisão do juiz, mas um grito perdido na multidão não foi ouvido. Apenas o nosso herói Chiquinho contestava o erro de contagem da cobrança de penalidades. Contabilista de renome, ele tinha certeza que Enéas e Basílio não desperdiçariam as duas cobranças, porque Clodoaldo e Pelé não iriam fazer os gols, e só o Leãozinho rubro-verde seria o grande campeão. Quinze minutos depois, Fiori Gigliotti, da Rádio Bandeirantes, anunciava que a Federação Paulista de Futebol havia considerado campeões paulistas, ambos os times, Santos Futebol Clube e Portuguesa Desportes.