Verdades nada secretas
Não é novidade que sou cinéfila e acho realmente que essa é uma das melhores dentre todas as artes. Ontem fui assistir um novo filme, candidato ao Oscar, que trata de uma coisa antiga: A pedofilia na Igreja. Fiquei curiosa em assistir, pois havia sido muito bem recomendado por dois jovens com quem convivo e que têm uma cabeça boa para tudo que é novo. Pois é, qual não foi minha surpresa ao saber que para eles e para os dois adultos que foram comigo, assim como para minha neta de 17 anos, era tudo novidade.
Realmente a obra é boa, com um bom roteiro e vale à pena ser assistida, mas a mim não causou nenhuma surpresa os fatos imundos e torpes revelados no filme. Nada que eu já não soubesse há décadas. Minha neta achou o filme triste por descobrir a covardia de religiosos contra crianças que os têm como seres sagrados, quase o Deus em quem aprenderam a confiar e ter fé.
Quanto a meus amigos, mesma faixa etária que eu, me espantaram ao revelar que não tinham conhecimento de tais fatos até que a mídia os divulgasse alguns anos atrás.
Passei a madrugada pensando no motivo para tal alheamento. Cheguei à conclusão que só pode ser por falta de acesso à literatura brasileira e mundial. Foi nessa arte que encontrei tudo que sei sobre os pecados da igreja contra crianças e adolescentes. Pecados para quem acredita em pecado.
Para mim, em minhas reflexões, são desvios comportamentais criados pelo próprio sistema da instituição religiosa que domina o mundo há milênios através de seus homens, populações pobres e necessitadas de amparo, assim como nobres e capitalistas que sempre trocaram com a Igreja todo tipo de moeda e interesses.
É inegável os benefícios que a igreja católica prestou a muitos pobres e carentes ao longo de séculos. É claro que muitos fiéis, clérigos, cardeais e papas fecharam os olhos e viraram o rosto fingindo não ver o sofrimento das crianças abusadas e tiveram e têm suas vidas sequeladas para sempre. Principalmente os fiéis que se fizeram de cegos e surdos são responsáveis por tanto sofrimento. Apesar de toda a caridade da igreja, considero um preço muito alto a pagar.
