No ano passado, ao todo, foram realizados 429 casamentos
A tradição de se casar no mês de maio, Mês das Noivas, tem se perdido
Por Lucas Machado
O mês de maio, como todos sabem, é tradicionalmente conhecido como o Mês das Noivas, tradição esta que veio dos países do hemisfério norte.
Nesta época, nesses países, a chegada do mês de maio era antigamente celebrada com flores, em homenagem à natureza e à primavera, e, com o passar do tempo, estabeleceu-se a relação dessas tradições com o amor no casamento, época em que seriam realizados muitos casamentos matrimônios.
Entretanto, essa tradição vem perdendo a força, visto que os casais já não estão mais preferindo casar-se no mês de maio. O fato é que muita coisa mudou, tendo em vista a idade com que as pessoas se casam, e a frequência com que elas se separam.
De acordo com o oficial do Cartório de Registro Civil de Santa Fé, Eder Marcel Ventura Menegão, em 2015 foram realizados 429 casamentos e, neste ano, já foram 23.
“O mês que registra mais casamento é o mês de dezembro. Em seguida, vem o mês de janeiro. Maio, embora tenha a fama de ser o Mês das Noivas, é um mês normal”, disse.
Uma explicação lógica seria que nessa época de final de ano a maioria das pessoas está de férias, o que facilita para que convidados, parentes e amigos distantes participem das cerimônias.
Antigamente, é sabido que os casamentos eram, em sua maioria, arranjados pelas famílias, e, diante disso, muitos deles aconteciam quando o casal tinha em torno de 13 a 15 anos. Isso também tem mudado, uma vez que, de acordo com Eder Marcel, as pessoas de 20 a 30 anos são as que mais têm se casado.
Para o Padre Lorenzo Longhi, da Paróquia de Santa Fé, as pessoas se casam em média aos 28 ou 30 anos de idade, pois optam pelo estudo e trabalho primeiro.
É fato que tudo está mudado, tendo em vista as oportunidades em geral que, nos primórdios da história eram muito escassas, e as famílias se uniam para casar seus filhos em busca de estabilidade.
De acordo com o Padre, a tradição do Mês das Noivas também tem mudado. “As pessoas preferem se casar nos feriados. Realizo mais casamentos em janeiro e dezembro do que em maio”, disse.
Separação
Atualmente as pessoas se separam com mais frequência do que antigamente, quando os casamentos duravam ‘para a vida toda’. “Não tem estrutura. Existe a fragilidade de personalidade e a incompatibilidade do casal, sendo que na primeira briga já se separam. Falta uma palavrinha muito importante, o perdão, que é de grande valor, e existe a sem-vergonhice em certos casos”, relatou o Padre Lorenzo.
Para a psicóloga Ellen da Costa Assis, são consideradas as várias transformações que estão ocorrendo na sociedade e iniciadas ao longo do século 20.
“Inclusive, o casamento, enquanto uma constituição histórica, também passa por essas transformações, tanto históricas, como sociais e culturais, como, por exemplo, a emancipação feminina, maior aceitação da separação conjugal pela sociedade, a reforma judiciária sobre o assunto e outras a novas concepções e mentalidade sobre o casamento e a família”, afirmou Ellen.
Para ela, ainda hoje se percebe uma nova forma de vivenciar o casamento, caracterizada pela afeição mútua, companheirismo, afinidade e desejo.
“Entretanto, o amor consiste em supor um ideal de si mesmo no outro, isto é, criamos uma imagem ideal daquele a quem elegemos como objeto amoroso, e nele depositamos nossas esperanças, sonhos e o desejo de viver juntos para sempre. Porém, no casamento, quando se depara com o cotidiano e o véu da paixão já não esconde os defeitos do outro, verifica-se então uma realidade muito diferente daquela idealizada, imaginada, fantasiada, pois depositamos muitas expectativas no outro, buscando nele, no objeto amoroso, uma satisfação e gratificação pessoal. Quando isso não acontece, pode levar a dissolução da sociedade conjugal”, explicou a psicóloga.