Opinião VS Dogmatismo
As eleições municipais vêm se aproximando e, juntamente ao grande jogo de interesses que começa a pairar no ar, iniciaram-se os primeiros, mesmo que tímidos, enfrentamentos de opiniões.
Contudo, observo que algumas pessoas ainda não são capazes de distinguir “opinião” de “dogmatismo”, portanto, resta-me pontuar aqui as diferenças básicas para que se possa haver uma maior reflexão antes de se ocasionarem determinadas situações desagradáveis.
Opinião é aquilo em que se acredita, podendo ser considerada uma ideia ou juízo a respeito de algo ou alguém, que poderia ser verdade, mas, carece de confirmação. Resumindo: é o modo de se ver, pensar ou deliberar (entre outras) a respeito de alguma coisa ou pessoa.
Já o dogmatismo é a tendência dos indivíduos em acreditarem e crerem em algo como verdadeiro e indiscutível. Ocorre quando se considera uma verdade absoluta e indiscutível, sem, no entanto, serem estas revisadas ou criticadas. Resumindo: é crer cegamente em algo sem admitir contestação ou prova em contrário.
Apenas uma simples leitura já pode nos levar ao entendimento de que, basicamente, uma atitude é oposta a outra.
Ter opinião é pensar de certo modo a respeito de certa coisa, podendo ou não se defender o ponto de vista que se tem.
Ser dogmático é defender (às vezes, atacar) com unhas e dentes qualquer conceito que se tente inserir ou demonstrar a respeito daquilo em que se acredita.
Na prática, o dogmatismo funciona como um campo de força impenetrável para qualquer nova opinião/posição que se tenha de determinado assunto.
Sendo assim, não é difícil se concluir que o dogmatismo não permite que se exerça um crescimento visionário e intelectual sobre qualquer coisa que seja, pois, para os seus “adeptos” a única “verdade” que importa é aquela que nasceu (ou foi inserida) em sua mente.
A questão é que poucos suportam pessoas dogmáticas e inflexíveis, em especial quando o assunto é política.
Durante essa semana, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso posicionou-se contrário a atitude do seu partido, PSDB, que protocolou na Procuradoria-Geral Eleitoral uma representação em que pede a extinção do PT. Segundo ele “o PT representa parcelas da opinião brasileira e, como tal, melhor que continue ativo, que se livre das mazelas que o acometem e que o PSDB se prepare para vencer dele nas urnas”.
Apesar da posição contrária, FHC declarou que não haveria razão para ser consultado, uma vez que já não faz parte da hierarquia formal de mando do PSDB. Ou seja, apesar de todos os ideais de seu partido, e do objetivo da grande maioria destes ser “extinguir” o PT, o ex-presidente emitiu a sua opinião adversa de forma lúcida e pacífica, sem buscar interferir na decisão já tomada pela diretoria da legenda.
É possível visualizar a diferença agora?
Imagine então o que um partidário dogmático faria no lugar dele.
Portanto, por mais que se acredite em algo que foi lido, visto ou ouvido, é preciso sempre estar atento ao limiar que separa as opiniões do dogmatismo.
Para mim, o dogmatismo emburrece as pessoas.
Mas, acalme-se, essa é apenas a minha opinião.