Língua, chicote do corpo
Quanto mais a gente vive, mais aprende e continua a aprender até morrer.
Aprende-se principalmente com os antigos e seus ditados que nunca saem de moda e que a cada século que passa mostram o quanto são verdadeiros.
É por isso que adoro um “dito popular”. Aprende-se muito com uma simples frase que, se fosse absorvida como ensinamento, nos pouparia muito sofrimento. Evitaria aquele ditado antigo e funcional: “Quem não ouve CUIDADO, escuta COITADO”.
Um dos ditados populares em que mais encontrei a realidade da vida no cotidiano é o famoso “A língua é o chicote do corpo”. É uma lição que vejo acontecer todos os dias na minha vida e na vida dos que me cercam. Principalmente quando tratamos de criticar a vida alheia e julgar suas atitudes.
Todos têm telhados de vidro, e o dedo que apontamos para criticar o outro, um dia, mais cedo ou mais tarde se volta em nossa direção.
A maioria das pessoas não consegue enxergar seus próprios erros e defeitos, principalmente por estarem na nossa testa e dentro de nós. “Só sai de nossa boca o que transborda de nosso coração”. Só conseguimos detectar os erros que já cometemos ou que gostaríamos somos tendenciosos a cometer, mas falta coragem ou oportunidade.
Às vezes fico impressionada com certos casos em que um indivíduo critica o modo do amigo ou conhecido agir e, daqui a pouco, passados alguns anos, está agindo da mesma maneira, só que sempre encontra uma desculpa para estar agindo da mesma maneira. Ele considera que em seu (dele) caso a atitude anteriormente criticada; agora, no caso dele é plenamente justificável.
Este tipo de situação em que nossa língua chicoteia nosso corpo acontece principalmente na educação dos nossos filhos. “Aí vem aqueles outros ditados: “Educar os filhos dos outros é fácil”, “Pimenta nos olhos dos outros é colírio”. Quando chega a nossa vez, fazemos as mesmas besteiras, cometemos os mesmos erros que eram tão fáceis de serem corrigidos enquanto o filho não era nosso.
Lições que nossos ancestrais aprenderam e deixaram de grátis para que sofrêssemos menos e aprendêssemos mais rapidamente. Entretanto, isso tudo é inútil. “Quem não educa aos sete, não educa aos dezessete”. E, assim como erramos com nossos filhos quando estão na fase de assimilar lições, erramos na nossa própria vida ao entendermos, muitas vezes tardiamente, que nossos avós estavam certos em seus ditados. Só nos resta olhar para traz e lamentar ou melhor, aprender com os erros que cometemos.