É cada vez maior o número de casos de pessoas com DSTs em Santa Fé

Publicado em 19/02/2016 23:02

Em Santa Fé, o maior número de incidência é de Sífilis

Por Lucas Machado

INFECTOLOGISTA FAVALEÇASabe-se que é cada vez maior o número de casos de pessoas com DSTs em Santa Fé do Sul,
As DSTs – Doenças Sexualmente Transmissíveis –, ou ISTs – Infecções Sexualmente Transmissíveis –, são aquelas que podem ser adquiridas durante o contato sexual.
É sabido que o não uso da camisinha é a principal causa do contágio das DSTs/ISTs; entretanto, ainda assim, existem pessoas que optam por não usar, simplesmente por reclamarem que a mesma incomoda.
Em Santa Fé, há casos de Aids, Cancro Mole, Clamídia, Gonorreia, Condiloma Acuminado (HPV), Doença Inflamatória Pélvica, Donovanose, Hepatites Virais, Herpes, Infecção pelo Vírus T-Linfotrópico Humano (HTLV), Linfogranuloma Venéreo, Sífilis e Tricomoníase, sendo que a de maior incidência é a Sífilis.
Segundo o médico infectologista de Santa Fé, Maurício Favaleça, as DSTs/ISTs são causadas por mais de 30 agentes etiológicos (vírus, bactérias, fungos e protozoários), sendo transmitidas, principalmente, por contato sexual, e, de forma eventual, por via sanguínea. A transmissão ainda pode acontecer da mãe para a criança, durante a gestação, o parto ou ainda na amamentação.
“Essas infecções podem se apresentar sob a forma de síndromes, como úlceras genitais, corrimento uretral, corrimento vaginal e doença inflamatória pélvica. A notificação é obrigatória no caso de sífilis adquirida, sífilis em gestante, sífilis congênita, hepatites virais B e C, Aids, infecção pelo HIV, infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV. A síndrome do corrimento uretral masculino é de notificação compulsória, a ser monitorada por meio da estratégia de vigilância em unidades-sentinela e suas diretrizes, de acordo com a Portaria no 1.984, de 12 de setembro de 2014”, disse o médico Maurício.
Ainda de acordo com o infectologista, o único motivo que justifica o não uso de preservativo são em casais que estão planejando uma gravidez.
“Os demais, não vejo motivo para o não uso de preservativo, pois ele é um método simples, barato (gratuito em todas as unidades de saúde) e efetivo para evitar as DSTs/ISTs. Para evitá-las, é importante utilizar o preservativo (masculino ou feminino) corretamente cada vez que tiver relação sexual vaginal, oral ou anal. Procurar atendimento médico para fazer exames, se tiver alguma relação com risco de doenças/infecções, e tratar precocemente os casos diagnosticados. Na dúvida, sempre procurar um atendimento médico. Mulheres grávidas devem realizar o pré-natal corretamente. Existem ainda, as vacinas contra HPV e Hepatite B”, afirrmou.
A Sífilis ainda tem uma grande incidência, e, segundo Maurício, é diagnosticada com frequência em pacientes nas diversas fases da doença, primária, secundária e até terciária (mais grave). Ele explica que é uma doença de grande preocupação em gestantes, pois pode provocar malformação fetal. “Apesar da disponibilização gratuita de preservativos e de campanhas informativas, ainda temos um número grande de casos de Sífilis em todo País”, disse.
O médico explica que a Sífilis primária, também conhecida como “cancro duro”, ocorre após o contato sexual com o indivíduo infectado. O período de incubação é de 10 a 90 dias (média de três semanas). A primeira manifestação é caracterizada por uma úlcera, geralmente única, que ocorre no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca), indolor, com base endurecida e fundo limpo. Esse estágio pode durar entre duas e seis semanas, desaparecendo espontaneamente, independentemente do tratamento.
“A Sífilis secundária surge em média entre seis semanas e seis meses após a infecção. Podem ocorrer erupções cutâneas em forma de máculas (roséola) e/ou pápulas, principalmente no tronco; manchas na palma das mãos e planta dos pés, lesões em mucosas, pregas cutâneas, queda de cabelo”, contou o infectologista.
Já na Sífilis terciária, os pacientes desenvolvem lesões envolvendo pele e mucosas, sistema cardiovascular e nervoso. Podem estar acometidos ainda ossos, músculos e fígado.
“O tratamento é realizado com antibióticos, como Penicilina (de preferência), Benzatina ou Cristalina (em casos de acometimento do sistema nervoso central), em doses de acordo com a fase em que o paciente se encontra. O País está com dificuldade em obter essas penicilinas e estamos utilizando outros antibióticos para o tratamento, ou seja, temos que optar pelo uso da Doxiciclina e a Ceftriaxona (também a depender da fase da doença); por isso, as penicilinas estão sendo reservadas para casos em gestantes, ressaltou Maurício.
Além da Sífilis, que é causada por uma bactéria, as ISTs causadas por vírus também são de grande importância. O infectologista relata que “entre elas temos que lembrar da alta prevalência de HPV na população, aumentando o risco de câncer no colo do útero nas mulheres. Por isso a preocupação em vacinar as mulheres, principalmente antes de ter uma vida sexual ativa”, ressaltou.
Ele relata ainda que sempre é importante lembrar do HIV, uma doença que ainda não tem cura, porém, com o tratamento, o paciente consegue ter um controle da doença, e este tratamento aumenta a expectativa de vida e qualidade de vida dos portadores. “Apesar da melhora do tratamento, da distribuição gratuita dos medicamentos, exames e acompanhamento médico, ainda é preocupante o aumento do número de novos casos em nosso País. Outras doenças, como as hepatites virais B e C, podem ser silenciosas em sua fase crônica e muitas pessoas são portadoras da doença e não sabem que estão infectadas. Estão disponíveis, gratuitamente, nas unidades de saúde testes rápidos para HIV, Sífilis e Hepatites B e C”, finalizou Maurício Favaleça.

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