Padre Eduardo: uma homenagem e agradecimento
Caio Fernando Abreu disse – e alguns repetem – que “a vida é feita de escolhas”.
Na verdade, porém, acredito que nós é que somos feitos de escolhas. Das nossas próprias escolhas.
Amparado na ideia do existencialismo, defendida pelo filósofo francês Jean Paul Sartre em sua obra “O Existencialismo é um Humanismo”, temos a compreensão de que o homem, ao fazer uma escolha, não escolhe apenas a si mesmo, mas toda humanidade.
Assim o vemos na figura de Eduardo Alves de Lima, conhecido por muitos apenas como Padre Eduardo.
Entre as muitas escolhas que Eduardo poderia fazer, fez a de ingressar aos 19 anos de idade no Seminário em São José do Rio Preto, no Centro de Ensino Superior Sagrado Coração de Jesus.
Dedicando-se aos estudos bíblicos com afinco e grande paixão pela Filosofia, desde o princípio de sua formação, em especial durante seus estágios pastorais, que realizou em Urânia, Fernandópolis e Ilha Solteira, esta última na qual foi ordenado padre e permaneceu até 2012, sempre teve como diretriz de seu trabalho sacerdotal a idealização e realização de trabalhos sociais.
Diante, mais uma vez, das escolhas que poderia fazer, fez a de ir de encontro aos jovens, iniciando, ainda em Ilha Solteira, as missas universitárias, que ocorriam as 23:00 horas para que os alunos dos cursos diurnos e noturnos pudessem estar presentes.
Criou grupos de reflexão, conduziu encontros com a juventude universitária e, aos poucos, iniciou a criação de uma consciência mais humanista entre os jovens, que, posteriormente, além de ser edificadora para eles próprios, seria essencial para a construção de um trabalho social de grande importância e escala.
No ano de 2012, quando foi transferido para Santa Fé do Sul, chegou com o ímpeto de realizar o mesmo projeto iniciado em Ilha Solteira, o qual também não abandonou.
Aproveitando a Campanha da Fraternidade daquele ano e o apoio irrestrito da paróquia, iniciou um trabalho com os universitários do curso de Odontologia da Funec, que foi o incentivo para a primeira missão humanitária realizada em prol dos índios da reserva indígena de Dourados, Mato Grosso do Sul, denominada de “MOSA” – Missão Odontológica Santa Apolônia.
No mesmo ano, assumiu também a direção da Chácara Jerusalém, comunidade terapêutica mantida pela Igreja para tratamento da dependência química, sendo que, a partir desse trabalho, adquiriu bagagem suficiente para apoiar e aconselhar os universitários que eram dependentes químicos ou iniciavam tal dependência.
Em janeiro de 2013, num intervalo de apenas seis meses da última missão, coordenou também a Missão Guarani Kayová para a reserva indígena de Dourados, novamente com os alunos de Odontologia, que totalizaram cerca de quarenta.
Após isso, veio a coordenação da Missão Ekó, a primeira multiprofissional, que triplicou o número de participantes e levou estudantes de diversas áreas profissionais para atender aos índios.
Em virtude dos resultados obtidos, o padre Eduardo escolheu criar a ONG UNIVIDA – Universitários em Defesa da Vida, utilizando a tal como forma de organizar melhor as missões humanitárias, que, a partir daí, passaram a se chamar “Missões UNIVIDA”, que tiveram edições em 2014, 2015 e terá novamente neste ano, na qual participarão sete instituições universitárias e mais de duzentos voluntários, que levarão as doações, acolhida e atendimentos multiprofissionais para cerca de trinta mil índios residentes na reserva.
Fora isso, o padre deu início a Festa do Milho, coordenando as duas primeiras edições da festa, que teve grande público regional; gravou um CD juntamente da Companhia de Reis, apoiando as manifestações genuínas da fé cabocla; conduziu programas de rádio de cunho evangelizador e, além de muitas outras campanhas de arrecadação, sorteios, shows e missas campais e universitárias, atuou na sensibilização dos funcionários, diretores e pacientes da Santa Casa e do AME de Santa Fé do Sul, bem como em inúmeras palestras de humanização em diversos locais, como instituições bancárias, escolas e empresas.
Tendo sido transferido para Urânia, em janeiro de 2016, o padre Eduardo continua trabalhando em prol da sociedade santafessulense, em especial com a juventude, e já inicia projetos em sua paróquia atual.
Como apaixonado que sou por Santa Fé do Sul, cidade onde nasci e vivi, mas, principalmente, como um amante pelos ensinamentos de Jesus Cristo, que, em suma, nos ensinou que primordialmente devemos amar a Deus de todo o nosso coração, alma e entendimento, bem como amar ao próximo como a nós mesmos, não poderia deixar de homenagear, reconhecer e agradecer ao padre Eduardo tudo o que ele, com o apoio da igreja e, principalmente, dos voluntários envolvidos, realizou (e realiza) por toda a nossa comunidade, mas, também, pela nossa humanidade.
Afinal, nós somos feitos de escolhas.
Eduardo escolheu agir conosco e por nós, e eu escolho parabeniza-lo por isso.