MÃE: UM LABIRINTO DE EMOÇÕES
Mãe. Aprender sem mestre a caminhar o tempo todo num labirinto tentando chegar a uma saída com suas emoções equilibradas e seus sentimentos mais íntimos leves e intactos. Poucas são as mulheres que conseguem trilhar o caminho e encontrar a saída. E quando isso acontece, não é sem dor ou sofrimento.
Para percorrer o caminho doce e tortuoso da maternidade é preciso saber matérias as quais nem sempre somos especialistas. É necessária muita matemática para conseguir resolver as equações complicadas desse relacionamento para cuja resolução nenhuma mulher foi preparada.
Na estrada das mães, a jardinagem é assunto importante e é impossível cultivar e fazer desabrochar essas flores que são os filhos sem remexer a terra, sujar as mãos, quebrar as unhas e banhar-se em lágrimas de alegria ou preocupações até que possam depender somente do sol e da chuva da vida que lhes cabe para se defenderem.
É quando nós, mães, carecemos da intuição e sabedoria das aves para ter coragem suficiente para empurrá-los do ninho e deixá-los voar sozinhos. Nem sempre a mulhe-mãe consegue. E quando o filho em algum momento comete enganos em sua trajetória, o sentimento de culpa é quase inevitável. Não nos especializamos em doutoras para curar a dor do filho e nossa dor de mãe que não recebeu o mapa mostrando a saída desse labirinto de emoções.
Muitas mulheres, hoje órfãs de mãe, buscam, na lembrança ensinamento dela, seu conselho, seu carinho e sentem-se mais uma vez culpadas por não terem dedicado a elas mais tempo, mais carinho e mais doces palavras. Entendem agora que elas sentiram falta de tudo isso, como sentimos hoje também.
Culpa. Esse sentimento que a mulher carregou sempre simplesmente por ter nascido mulher. Culpa por não ter amado mais e acariciado mais a mãe que já se foi. Culpa por precisar dividir o tempo entre seus filhos, o trabalho e seu homem. Caminhar num labirinto que nos faz voltar ao ponto de partida e repetir muitos dos enganos cometidos por nossas mães.
Mas nossos erros, culpas e enganos merecem ser sublimados. Erramos tentando acertar. Sofremos e fizemos sofrer querendo fazer com que nossos filhos fossem íntegros e felizes. Exageramos as emoções e tentamos prender o filho-pássaro debaixo de nossas asas já gastas e nossos bicos tortos. Caminhamos em suas direções com emoções desencontradas que acabam por nos impedir de encontrar a saída. Se é que ela existe.