Ética: aperfeiçoando a convivência
Na última coluna tratamos acerca de alguns aspectos relevantes da convivência, analisando as três principais definições filosóficas do amor: a de Platão, “Eros”; a de Aristóteles, “Philia”; e a de Jesus Cristo, “Ágape”.
Contudo, a nossa vida, bem como a nossa convivência, não podem ser regidas somente através do amor. Isso porque não é possível “amarmos a todos”, de fato, mesmo que adotando o amor de Cristo, que emana na direção do próximo, tornando a alegria deste objeto e objetivo central do amor.
Refletindo iremos perceber que são poucos aqueles que realmente amamos.
No entanto, apesar disso, percebemos também que precisamos continuar convivendo com os demais, haja vista que são muitos os níveis de relacionamento que a nossa vida alcança.
Imaginemos no âmbito pessoal, uma situação em que o casal se separa, mas possui um filho e, em razão disso, precisam continuar convivendo, mesmo que minimamente. No âmbito profissional, uma amizade construída no ambiente de trabalho termina, mas, ainda assim, algumas vezes, é necessário continuar convivendo com o outro, mesmo que apenas profissionalmente.
São muitos os exemplos possíveis.
A pergunta é: como conviver com aqueles que não amamos, ou que deixamos de amar?
A resposta é a Ética.
Ao contrário do que alguns acreditam, ética não consiste em uma tabela pronta e descritiva, na qual se discriminam todas as condutas “certas” ou “erradas”, para “fazer” ou “não fazer”. Não é assim que funciona.
Ininterruptamente, nós, seres humanos, estamos evoluindo e, deste modo, fazendo com que também evolua a nossa convivência, que não pode então ser classificada “ad eternum”.
Desta maneira, a ética consiste na inteligência a serviço da convivência aperfeiçoada nos campos em que a inteligência pode transformar.
Para resumir o significado disso em uma explicação mais simplória, podemos dizer que a ética “imita” o sentimento através da razão, convertendo-o em um comportamento determinado.
Por exemplo, imaginemos que você ama a sua esposa e, ao regressar de uma viagem, a presenteia. A sua atitude é de amor, autêntica de quem ama. Agora, digamos que, ao regressar de uma viagem, você decide presentear o seu colega de trabalho, com o qual possui uma convivência profissional. A sua atitude é de gratidão, e a gratidão é uma imitação do comportamento humano de quem ama.
Poderíamos utilizar como exemplo a relação de convivência do casal que se separou e tem um filho.
Mesmo que tenha sido turbulento o fim do relacionamento amoroso, ainda assim será necessário manter alguns comportamentos éticos que permitam a continuidade de uma convivência saudável.
Deste modo, podemos concluir que, através da Ética, temos a oportunidade de fazer com que as nossas relações transcorram de modo mais saudável e feliz.
Amor e ética, duas oportunidades, entre outras, para se ter uma vida boa, plena e respeitosa.