APENAS UMA HISTÓRIA DE AMOR
Dizem que amor quando é amor não faz sofrer e nem deixa o coração magoado e ferido. Então eu não sei o que é amar, pois todas as vezes que o fogo da paixão tomou conta de mim, saí com a alma despedaçada.
Isso pode até dar letra de música sertaneja, daquelas que o caboclo sofre pelo ser amado até cair debruçado numa mesa de bordel fazendo declaração de amor pra uma prostituta qualquer.
Quem nunca sofreu assim por alguém não sabe o que é ter uma história de amor. E história de amor, se não for triste, não merece ser contada.
Foi assim: Eu tinha alguém que comigo morava…” Oooops! Isso é letra de música. Mas é uma história que fala de um amor que não tinha esperança. Ela tinha alguém que um dia tinha amado e que lhe dava um amor terno e bom. Aquele amor que toda pessoa quer ter, mas sempre encontra na pessoa errada.
Vontade de trocar aquela criatura que eu morava por aquela que compreendia meu ser, mas se entregou a outro alguém. A velha história do “Ieda que amou João que amava Maria que amava José que casou com Ieda que nunca esqueceu João …” Mas fiquei ali, esperando que o sofrimento passasse ou que o outro não casasse e voltasse pra mim.
Tarde de um sábado quente, eu e ele na cama, exaustos de fazer o que ele chamava de amor e eu naquela tarde em especial chamei de tortura. Era o dia em que o outro por quem eu chorava ia se casar. Passei o dia como se tudo estivesse normal e horas trancada no banheiro pra poder chorar sozinha.
De repente, não mais que de repente, o telefone toca. O alguém que comigo morava dormia como todo homem depois do sexo, com o braço abraçando meu corpo. Esgueirando-me da cama, atendi o telefone no banheiro e a voz do outro lado disse –“Alo, estou pronto pra sair para a igreja, mas não quero ir, não posso ir, descobri que é com você que quero ficar! ”
Eu ali, escondida atrás da porta comecei a chorar e não conseguia emitir um som sequer. Antes assim, chorei em silêncio e, depois de alguns longos segundos ouvindo a respiração ofegante do outro lado da linha, respondi num sussurro: “Segue teu caminho que vou seguir o meu, não façamos ninguém mais sofrer por esse amor que nasceu para não ter futuro”.
Desliguei o telefone e tomei um porre naquele final de tarde enquanto o amor da minha vida levava outra para o altar. É uma história brega que, aposto, muita gente viveu. Muitos homens e mulheres, com certeza já viram sua paixão mais escondida desaparecer na esquina pelas mãos de outro alguém.
Descobri que paixão o vento leva e amor com o tempo a gente esquece, principalmente quando aprendemos a amar quem sempre nos deu amor. É claro que sempre perguntaremos se valeu a pena renunciar a uma paixão. Nunca saberemos. E não vale a pena saber. Tanta coisa na vida seria diferente se levássemos nossos desejos para uma direção diferente na estrada. Quem vai saber? E se …?