O ginete e o elefante
Jonathan David Haidt é professor de liderança ética na Sterns School of Business da Universidade de Nova Iorque. Seus estudos tratam da psicologia da moralidade e foi ele o criador da “metáfora do jinete e do elefante”, que diz o seguinte: dois sistemas independentes funcionam em nosso cérebro, ao mesmo tempo, influenciando um ao outro. De um lado está a parte racional e reflexiva, de outro a emocional e instintiva. Consciente e subconsciente. A primeira pensa e analisa a realidade, a segunda é movida por emoções, dor e prazer.
Quando os dois sistemas seguem em harmonia pelo mesmo caminho, em busca da mesma coisa, sem conflitos, é uma maravilha. Sabe aquele seu amigo que tem um trabalho que ama? Pois é… Mas quando cada sistema tem suas necessidades, a confusão começa. A metáfora de Haidt diz que o sistema racional é o ginete (o condutor do elefante), e o sistema emocional é o elefante. O elefante é monstruoso, forte, impulsivo. O ginete é pequeno e fraco, mas muito esperto. Por sua inteligência, o pequeno ginete consegue controlar o grande elefante, dirigindo-o e comandando. Mas se o elefante decidir tomar alguma iniciativa por conta própria, não há ginete que segure…
Mas uma coisa muito legal que encontrei no trabalho de Haidt, foram os cinco fundamentos morais para o comportamento das pessoas, que ele aplicou à política, criando os cinco tipos de Moralizadores Políticos. Veja em qual você se encaixa:
Moralizador 1: Danos. Sobre se a pessoa prevê ou alivia danos. Favorece virtudes como bondade, gentileza e compaixão, e desaprova vícios como crueldade e agressão.
Moralizador 2: Justiça. Sobre justiça e reciprocidade. Sobre agir com justiça em relação aos outros e a reciprocidade nas trocas econômicas e sociais. Prefere o altruísmo e a cooperação e desaprova a ganância e a ingratidão.
Moralizador 3: Grupo. Sobre lealdade ao grupo. Sobre se sacrificar ou não por outros membros do grupo. Entende lealdade e patriotismo como virtudes, e deslealdade e divergência como vícios.
Moralizador 4: Autoridade. Sobre autoridade e respeito. Sobre o respeito às estruturas organizacionais, às instituições e seus líderes. Vê o respeito, o direito e a obediência como virtudes e considera a insubordinação e a insolência como vícios.
Moralizador 5: Pureza. Sobre pureza e santidade. Sobre práticas do corpo que causem repugnância e doenças físicas e práticas espirituais como a religiosidade, que ajudam a proteger a alma. Vê a castidade, piedade e espiritualidade como virtudes e a gula, inveja e a ira como vícios.
Bem, a Texas Tech University tem uma página na qual você pode fazer seu teste para saber a qual desses cinco tipos de moralizadores você se submete. Está em inglês: http://bit.ly/1UfgC5C
Conforme os testes que Haidt fez com seus estudantes, a turma progressista, da esquerda, está mais ligada nos moralizadores Dano e Justiça que Autoridade ou Pureza. Já os mais à direita, dão mais importância aos moralizadores Grupo e Autoridade do que a Dano e Justiça.
Tá bem, o teste foi feito com estudantes, a garotada cheia de hormônios e disposta a mudar o mundo nem que seja na porrada, e não com senhores como eu.
E descobri que se me basear nos moralizadores de Haidt, sou de esquerda.
Vou ter de prender meu elefante.