Que saibamos propagar
Que saibamos propagar
Amanhã, domingo, parte a equipe e os voluntários da ONG Univida – Universitários em Defesa da Vida – rumo a reserva indígena de Dourados, no Mato Grosso do Sul, onde acontecerá mais uma Missão Humanitária Univida.
Neste ano serão sete instituições de ensino superior e mais de duzentas pessoas envolvidas, entre membros da ONG, universitários, funcionários e professores.
Uma quantidade enorme de roupas, cobertores e alimentos, dentre outros, foram arrecadados desde o início da campanha para levar donativos a reserva. Foram muitas as cidades que escolheram ajudar.
Além das doações e a acolhida, os atendimentos multiprofissionais da ONG de universitários (odontologia, enfermagem, psicologia, serviço social, entre outros) serão levados para cerca de trinta mil índios residentes naquele local. Tudo isso liderado pelo olhar atento e bondoso do benevolente padre Eduardo Alves de Lima, presidente da Univida e coordenador da Pastoral Universitária da Diocese de Jales.
Refletindo acerca de toda essa movimentação para levar ajuda e, mais do que isso, esperança para esse povo esquecido pelos nossos governantes e, às vezes, marginalizados pela nossa sociedade, começo a me perguntar o que nós estamos fazendo pelo nosso semelhante. O “próximo”, como nos diz a Bíblia.
Você já parou para se perguntar isso?
Pois, bem, se pergunte: o que você fez ou faz pelo seu semelhante, de qualquer âmbito de convivência que seja, para que a vida dele seja ao menos um pouco melhor?
Repare que a questão colocada acima nem é apenas quanto a caridade, no sentido estrito da palavra. Estou lhe perguntando de forma ampla o que você tem feito, por mais simples que seja, para garantir que a vida daqueles que te cercam seja mais feliz e agradável do que já é (ou não é, mas poderia ser).
Se você demorar muito para responder isso a si mesmo, se a resposta for tão irrelevante a ponto de se sentir egoísta, ou se ela – assustadoramente – não lhe vier a mente, irremediavelmente você se dará conta que precisa de uma reformulação para a sua vida.
Seria muita inocência, para não dizer egoísmo, acreditar que a vida que temos existe e se resume apenas em vivermos a nossa própria história, que se baseará sempre naquilo que podemos conquistar ou adquirir, e em tudo que podemos sentir, independentemente do que acontece com os outros a nossa volta.
Certamente não fomos condenados a uma existência tão solitária e sem sentido.
Certamente somos privilegiados por termos recebido o dom da vida, acompanhado de experiências incríveis e instigantes, capazes de edificar o nosso crescimento, enquanto zelamos pelo bem de todos aqueles que, assim como nós, também receberam esse dom, e se preocupam igualmente com o nosso bem.
É tão nítido que soa poético.
É tão verdadeiro que, às vezes, precisamos que a vida, ou alguém, nos escancare essa verdade e nos convença dela.
Por isso existem pessoas como essas centenas de voluntários da ONG Univida, que deixam temporariamente os seus lares, as suas famílias e o seu conforto, para se dedicarem aqueles que precisam, muitas vezes, não apenas do bem material ou do alimento, mas de um simples reconforto gerado pela generosidade, de um simples bem espiritual, ou de um tão nobre alimento de esperança para a alma.
Acima de tudo, essa é a missão deles, bem como a de todos que têm atitudes assim: nos lembrar a verdade de quem somos e para que estamos nessa Terra.
Que saibamos entender isso.
Que saibamos viver isso.
Que saibamos propagar isso: o bem.
Gostaria de dedicar este texto e mandar um abraço especial para minha querida leitora Oneide Garcia dos Santos, moradora de Rubineia. Muito obrigado pelo carinho, Oneide!