Novo antirretroviral será usado em pacientes com HIV

Publicado em 8/10/2016 00:10

Por Lelo Sampaio e Silva

Saúde anuncia...O Ministério da Saúde acaba de anunciar a oferta do antirretroviral Dolutegravir para pacientes que vivem com HIV no Brasil. A previsão é que o medicamento comece a ser distribuído na rede pública em 2017.
Inicialmente, o Dolutegravir será distribuído pelo SUS – Sistema Único de Saúde – a todos os pacientes que estão começando o tratamento e também a pacientes que apresentem resistência a antirretrovirais mais antigos.
Mudança
Atualmente, o esquema de tratamento das pessoas que vivem com HIV, na fase inicial, é composto pelos medicamentos Tenofovir, Lamivudina e Efavirenz, conhecido como 3 em 1. A partir de 2017, o Dolutegravir associado ao 2 em 1 (Tenofovir e Lamivudina) será indicado no lugar do Efavirenz.
Segundo a coordenadora do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken, o Dolutegravir apresenta um nível muito baixo de efeitos adversos, aspecto considerado bastante importante para a adesão e o sucesso do tratamento contra o HIV. “O acesso aos medicamentos que trazem qualidade de vida faz com que as pessoas passem a utilizar a terapia antirretroviral e a vivam mais”, explicou.
Economia
A pasta informou ainda que, a partir de uma negociação com a indústria farmacêutica, o governo brasileiro conseguiu reduzir em 70% o preço do Dolutegravir – de US$ 5,10 para US$ 1,50. Segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, a incorporação da droga não altera o orçamento atual do ministério. “Estamos fazendo o melhor tratamento do mundo com o menor custo”, avaliou Barros. “Nós ousamos. Temos clareza de que é possível fazer muito mais com os recursos que temos”, completou.
Em entrevista à reportagem, o médico infectologista Maurício Fernando Favaleça afirmou que mais uma vez o Brasil está mostrando força no tratamento contra o HIV/Aids.
Segundo ele, é importante que as campanhas de divulgação sobre a doença sejam intensificadas com o objetivo de diminuir o número de novos casos no país. “As novas terapias estão reduzindo o número de comprimidos e seus efeitos colaterais, e isso favorece muito a adesão do paciente. O Efavirenz, atualmente no esquema preferencial do Ministério da Saúde, tem alguns efeitos colaterais neuropsiquiátricos, portanto não pode ser indicado para pessoas com patologias neurológicas ou psiquiátricas, o que favorece o uso do Dolutegravir. Quanto mais pessoas vivendo com HIV estiverem em tratamento menor o número de transmissão e de complicações da doença, e isso acabará, em longo prazo, reduzindo o custo para o Governo”, explicou o infectologista.
Ainda de acordo com ele, apesar da melhora na terapia contra o HIV, o tratamento pode apresentar diversos efeitos colaterais. Ao mesmo tempo muitos cientistas seguem em busca da cura para a doença.
“Portanto, o melhor caminho para o combate ao HIV é a prevenção, e é importante lembrar que são distribuídos gratuitamente nas unidades de saúde do município preservativos masculinos e femininos, além de teste rápido para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis”, concluiu o infectologista Maurício Fernando Favaleça.
Panorama
Desde o começo da epidemia, o Brasil registrou 798.366 casos de Aids, no período de 1980 a junho de 2015. No período de 2010 a 2014, o Brasil registrou 40,6 mil novos casos ao ano, em média.
Em relação à mortalidade, houve uma redução de 10,9% nos últimos anos, passando de 6,4 óbitos por ano por 100 mil habitantes em 2003 para 5,7 em 2014.

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