Prêmio Nobel, quando vamos ganhar?
Se eu fosse escolher para ganhar o Prêmio Nobel, qual seria?
Nobel de Física, nem pensar, depois da láurea de Albert Einstein, cientista criador da Teoria da Relatividade e de um cientista brasileiro, descobridor da partícula subatômica méson pi, César Lattes, que não recebeu a homenagem.
Nobel de Química, até poderia ser, já que a pesquisadora francesa Marie Curie descobriu brincando os elementos rádio e polônio. E os extraordinários químicos, Borhn e Ruterford, que descobriram a composição dos átomos.
Nobel de Fisiologia ou Medicina seria difícil, porque Carlos Chagas, grande médico sanitarista brasileiro que teve quatro indicações, não ganhou o prêmio com a descoberta da doença de Chagas. E como concorrer com Sir Alexander Fleming, o descobridor da penicilina?
Nobel de Literatura é até esperança, depois que o cantor e compositor Bob Dylan foi laureado. Mas aqui no Brasil a chance maior seria de Chico Buarque de Hollanda. Espero que se ele fosse escolhido não faria como Jean-Paul Sartre, filósofo, escritor, crítico francês que recusou a láurea por pura excentricidade.
Nobel da Paz, outra pretensão. Mas por ironia do destino o criador desse prêmio, que inclui a paz, Alfred Nobel, foi o inventor da dinamite. Competir com Madre Tereza de Calcutá, Martin Luther King Jr e Nelson Mandela não é nada fácil.
A meritocracia nunca foi tema mais importante para o Nobel. E muitas vezes a política também provoca influência na escolha do laureado. Como explicar que o bispo Dom Hélder Câmara e Mahatma Gandhi nunca ganharam o Nobel da Paz e por outro lado o diplomata Henry Kissinger levou o prêmio para os Estados Unidos? O único brasileiro, biólogo, Peter Brian Medawar a receber o Nobel de Fisiologia e Medicina, perdeu sua cidadania por não ter prestado o serviço militar obrigatório. O Nobel ficou para a Inglaterra, país adotado por ele após o impasse causado na época do presidente Eurico Gaspar Dutra.
Quando vamos ganhar um Nobel?
Essa é para arranhar o orgulho da nação pentacampeã: você sabia que existe um campeonato em que o Brasil joga há mais de um século e ainda não marcou nenhum gol? É o campeonato do Prêmio Nobel. Desde 1901, a Academia de Ciências Sueca escolhe seus preferidos, causando um rebuliço digno de final de Copa do Mundo.
No jogo, que vale 1,3 milhão de dólares por cabeça, os donos da bola são os EUA. Dos 483 prêmios em categorias científicas (Química, Física e Medicina/ Fisiologia), eles já abocanharam 207. Até a Argentina, nossa maior rival, marca três Nobel em ciência a seu favor. E nós continuamos no zero. A “Pátria de Chuteiras” de Nelson Rodrigues tem de deixar de sê-la em troca de uma “Pátria Educadora” para conseguir o primeiro gol científico da nossa história. Na minha época, com uma seleção de jogadores do naipe de César Lattes (físico); Carlos Drummond de Andrade (escritor); Celso Furtado (matemático); Jorge Amado (escritor); Mário Schenberg (físico); Maurício Rocha e Silva (bioquímico); Sérgio Henrique Ferreira (bioquímico); Jorge Lima (escritor); Oto Gattlieb (biólogo); Carlos Chagas (médico) e Dom Paulo Evaristo Arn (religioso) não conseguimos ganhar a taça. Por isso, quero convocar os estudantes deste Brasil juvenil para ganhar esta Copa agora. Rumo ao primeiro Nobel!