#EnquantoIsso
Em 2015, de saco cheio com o mau humor das mídias sociais, em especial do Facebook, criei o #EnquantoIsso para marcar posts positivos, que mostrassem indivíduos fazendo acontecer. A ideia é celebrar pessoas que, apesar de terem diante de si problemas aparentemente insolúveis, partem para a ação e conseguem atingir objetivos que pareceriam impossíveis. E dá-lhe histórias do catador de papelão que se formou na escola; do aluno da escola humilde que chega em primeiro no vestibular da grande universidade; do inventor sem recursos que cria algo que impacta na vida das pessoas; do agricultor que anda quilômetros para poder estudar e consegue se formar; da filha que homenageia os pais humildes que se viraram para dar-lhe condições de estudo, etc etc etc.
A ideia é celebrar a iniciativa individual, sacou? Celebrar a iniciativa individual.
Mas há quem se incomode com isso, e comenta: “o Luciano fica mostrando as exceções e ignorando a regra”. Em outras palavras, o sujeito diz: o Luciano devia continuar mostrando as merdas que são maioria, e não as coisas que dão certo, por sorte, para meia dúzia. É mais ou menos como ficar mostrando doenças e não as pessoas que procuram saídas para a doença.
Essa gente que se incomoda não reconhece o esforço individual como capaz de tirar alguém de um gueto, de um destino pré-traçado, que a sociedade reservou aos azarados, deficientes e miseráveis. Essa gente que se incomoda acha que mostrar os que deram certo é o mesmo que dizer:
– Tá vendo? Se deu certo para ele, dará pra você. Relaxa…
Não. Não é isso.
Nossos pensamentos são próprios, acontecem dentro de nossas cabeças, mas a substância desses pensamentos é constituída das experiências vividas, dos processos cognitivos e… de exemplos. E ao contrário do que muita gente pensa, não somos definidos por nossos relacionamentos ou pelos exemplos que vemos. Na verdade, escolhemos concordar ou não com eles, num processo de autoconstrução, criando as pessoas que queremos ser, compondo aquilo que se chama caráter, que é feito de julgamentos e de força de vontade.
Ao nascer, você foi condenado a escolher e agir, e a capacidade de pensamento independente levando em conta outros indivíduos é que cria sua autonomia individual.
Mostrar os que, a partir de sua iniciativa individual saíram da inércia é, portanto, uma forma de expor você a escolhas.
Tem gente que escolhe se inspirar e partir para ação.
Tem gente que escolhe achar que foi sorte e continuar no mimimi.
Escolha.