A parábola do político camaleão
Quando se estuda a biologia do camaleão, ficamos com a impressão nítida que o animal evoluiu na natureza de modo a preservar-se. A selecção natural agiu neste animal com eficiência. A adaptação ao meio vai ao ponto da mudança de cor que se traduz por uma camuflagem, que o protege dos predadores, como permite, por outro lado, que ele também seja um predador sem ser notado.
Num olhar rápido pelas características deste animal perfeitamente adaptado; vemos aqui algumas semelhanças com um outro tipo de ser, o animal racional, de Aristóteles, emotivo e político.
Tanto um como o outro, utilizam a língua para caçar as presas. Se o primeiro, identificado com o camaleão, caça a presa devido à sua língua comprida, o segundo, o político, caça as suas presas (pois utiliza a razão emocional para convencer os demais que tem a solução para a vida deles, quando ainda não encontrou a solução para a sua) devido à constante utilização de vocábulos que parecem ter muito sentido, mas que praticamente não serve para nada.
À semelhança do camaleão, o político também muda, não de cor, mas de promessas; o que hoje tem muito significado e por vezes é mesmo razão de Estado, amanhã não tem significado nenhum nem representa nada que valha pena continuar a nomear. Uma outra característica do político reside no fato de se adaptar com muita habilidade às adversidades do momento. Todavia, tal como o camaleão, que não é dotado de razão, partilha com ele uma capacidade quase inata para a agressividade, que no caso do político, coloca a máscara de um ser politicamente correto…