Moradores e turistas reclamam do atendimento no comércio de Santa Fé
Por Lelo Sampaio e Silva
A premissa de que o cliente bem atendido sempre volta nunca foi tão questionada em cursos, workshops e palestras sobre o atendimento ao cliente ao redor do mundo.
Com o mercado cada vez mais competitivo, a qualidade do serviço prestado parece ser hoje o grande diferencial para a sobrevivência de qualquer empresa.
O cliente visto com peça fundamental é de extrema importância para que qualquer organização se mantenha de portas abertas. Entretanto, Santa Fé do Sul, ao mesmo tempo em que tem fama de ser uma cidade hospitaleira, o município carrega o fardo de ser mais uma cidade dentre as tantos outros no país que, na maioria das vezes, atende muito mal seus clientes, sejam eles moradores ou turistas.
Basta percorrer grande parte dos estabelecimentos comerciais para verificar a escassez de preparo por parte de muitos proprietários e atendentes.
Seja em um bar, numa lanchonete, num restaurante ou em uma loja de roupas ou calçados, o que muitos reclamam é que são pouquíssimas às vezes em que o consumidor é atendido de forma, no mínimo, satisfatória.
Outra questão que muito incomoda a maioria dos santafessulenses é a prestação de serviços.
“Sempre que necessitamos de um serviço, seja para um reparo em casa, para a construção de algo, é muito comum o profissional não aparecer, e pior, além de não cumprir com o prometido, não dá qualquer satisfação ao cliente sobre o compromisso antes estabelecido. Parece que isso já faz parte da nossa cultura, pois as pessoas, pelo menos muitas delas, acham isso até mesmo normal”, disse Maria de Lourdes, residente em Santa Fé do Sul.
Um dos principais fatores para conquistar um cliente é atendê-lo bem, pois quem é bem atendido sempre vai voltar, e o melhor, irá gastar. Ao mesmo tempo, quem fica satisfeito com um serviço prestado, além de requisitar o profissional sempre que precisar, acaba sempre o indicando para outras pessoas.
Mas parece que nem todos os profissionais de Santa Fé pensam assim. Deixam, como é muito corriqueiro ouvir, a desejar na qualidade do atendimento ao público.
É quase que uma regra chegar a lojas onde os funcionários não demonstram qualquer interesse em bem servir as pessoas, deixando de fazer seus serviços como deveriam. Outros, por mais que tentem ser simpáticos e agradáveis, não conseguem esconder a insatisfação de estarem ali suas funções. E, para piorar, atendem com má vontade, como se estivessem convidando o cliente a se retirar do estabelecimento e nunca mais lá retornar.
Em entrevista a O Jornal, o jovem Luiz Miguel Guedes Pereira, morador de Santa Fé do Sul há oito anos, disse que por várias vezes já passou por situações de não ser bem atendido. “A última situação foi quando estava em uma lanchonete e, após pedir um lanche, percebi que ele estava demorando um pouco além do limite dito pelo garçom. Chamei o garçom e perguntei se o lanche já estava pronto, e foi então que ele, ao conferir o pedido, percebeu que havia esquecido de anotá-lo. De início eu entendi, pois é normal que esqueçamos de fazer algo quando estamos sobrecarregados. Refis meu pedido e decidi esperá-lo novamente, e, mais uma vez, ele não chegou a minha mesa; então, por estar já um pouco tarde, decidi levantar e ir embora, mas, ao sair, acabei sendo cobrado por algo que nem mesmo consumi”, disse.
Luiz disse que acredita que situações como essas prejudicam, e muit, os comerciantes. “Não sei se é a nossa cultura que é desta forma, mas isso não ocorre somente em lanchonetes e afins, acontecem também em lojas de roupas, oficinas mecânicas, supermercados etc. Acho que muitos comerciantes saem no prejuízo pelo falo de que quando um cliente não é bem atendido em algum lugar, jamais ele volta, além de não recomendá-lo, e, caso ele vá a outro estabelecimento e é bem tratado, além dele se tornar um cliente em potencial, acaba fazendo uma ótima propaganda do local, e para as pessoas é isso o que importa, a propaganda do boca a boca”, relatou Luiz Miguel Guedes Pereira.
A reportagem também conversou com a servidora pública Jessica Thomazinho, de Aparecida do Taboado, que contou ter sido mal atendida em uma pizzaria da cidade. “Sou vegetariana e há algum tempo fui a uma pizzaria aqui em Santa Fé e pedi uma ‘vegetariana’. A pizza demorou horas para ficar pronta e, quando chegou, estava cheia de bacon. Eu nunca vi na minha vida uma pizza vegetariana com bacon. O pior é que me fizeram pagar pela pizza que nem comi”, relatou.
O secretário Municipal de Turismo, Ruy Reis, afirmou que em Santa Fé do Sul existe uma deficiência na qualidade da mão de obra especializada. “Isto não é somente em Santa Fé, mas, sim, em todo o Brasil. Pensando nisso, nós temos total interesse no aprimoramento e melhor qualificação desta mão de obra. Sendo assim, a ideia é ministrar cursos de orientações e de gestão, e, para que isto se torne realidade, estamos buscando apoio com algumas associações, órgãos ou entidades, como, por exemplo, a Associação Comercial e Sincomércio, o Sebrae, o Instituto Paula Souza e as Secretarias Estaduais. Creio que esses apoios serão importantíssimos para que possamos sanar este tipo de problema”, disse o secretário de Turismo, Ruy Reis.