O TIRO E A TOLERÂNCIA
Vejo hoje nas mídias digitais ‘verdadeiros deuses’ querendo impor aos outros a ‘verdade’. Uns chegam a ponto de acreditar que sua verdade é ‘absoluta’ e, além de querer impor ao outro, ainda lhe tira a vida!
Esses ‘donos da verdade’ – embora comuns nas tais redes sociais – estão desatualizados daquilo que se tem, modernamente, por tolerância.
Quem mais contribuiu para o fortalecimento das tolerâncias das opiniões alheias foi o próprio marxismo que fomentava a ideia de ‘proibição das mentiras liberais e capitalistas’. Serviu para revelar que foi um erro admitir-se somente a ‘verdade marxista’.
Se recorrermos na História, os papas do século passado condenavam o ‘delírio moderno’ da ‘liberdade de consciência’.
O Iluminismo explicou, ao seu modo, que inexiste a verdade.
Todas as opiniões têm validade e assim todas as opiniões são permitidas e devem ser respeitadas.
Os práticos preferem acreditar na ‘multiplicidade’ das verdades e daí a justificativa da tolerância para se aceitar essa ‘multiplicidade’.
Já os fanáticos têm medo do adverso, do contrário, e assim querem impor a sua opinião a todos, indistintamente e geralmente se tornam sectários e alguns assassinos.
Os sectários revelam as próprias fraquezas na medida em que, apegados exageradamente ao seu ponto de vista, ‘apaixonadamente’, desprezam as ideias contrárias, ofendem seu interlocutor e, na verdade, procuram compensar as suas ‘próprias dívidas’, sejam políticas, religiosas ou dos demais e diversos temas e posições.
O diálogo fortalece a tolerância, mas o diálogo maduro, respeitoso, consequencial e, de preferência, científico, sobretudo respeitando as ‘diferenças’.
Assim, respeitando a ‘diversidade de pensamento’ se estará estabelecendo uma forma saudável de convivência humana reconhecendo as ‘diferenças’ das épocas, temperamentos e culturas.
A diversidade não enfraquece, mas fortalece o mundo e em especial a raça humana, mas é preciso ter tolerância e ser tolerante, na religião, na política e na vida.
A diferença não é algo para excluir e sim aproximar as pessoas. Porque toda pessoa é digna e merece respeito.
O contrário é a ‘intolerância’, e essa empobrece a dignidade e as relações humanas. Infelizmente o Brasil hoje é palco da ‘intolerância’. Aquele tiro em plena festa de aniversário atingiu a todos e todas que lutam em favor da democracia.