Crianças não devem usar internet sem supervisão, alerta especialista em crimes cibernéticos
Por Lelo Sampaio e Silva
Um garoto, de 10 anos, morreu na noite de quinta-feira da semana passada (25), em Belo Horizonte, depois de participar do desafio do desodorante.
Ele estava em casa e, segundo a família, ele foi ao quarto levar um medicamento para o irmão. Logo depois, entrou no guarda-roupa, fechou a porta e aspirou o conteúdo do frasco.
Um irmão encontrou o corpo do garoto ao abrir o armário. O Samu foi chama do, mas não teve tempo de realizar o socorro. Os médicos constataram que João teve uma parada cardiorespiratória.
O pai do garoto disse que o filho era brincalhão, estudioso e assim como os três irmãos usava a internet com supervisão. Ele contou que jamais imaginava que o filho teria contato com este conteúdo e que pudesse realizar o ato.
O desafio do desodorante se popularizou nas redes sociais. Em uma das modalidades da brincadeira, vence a batalha quem conseguir inalar mais quantidade do produto. Os vídeos são postados para mostrar a resistência.
Em 2017, outra armadilha da Internet, conhecida como baleia azul, chamou a atenção ao propor desafios que iam de ouvir música até a automutilação.
O Jornal conversou com o delegado de polícia, Higor Vinicius Nogueira Jorge, especialista em polícia comunitária pela Unisul de Santa Catarina e em prevenção e enfrentamento da corrupção pela UniEstácio, contudo, nos últimos anos tem se especializado na aplicação da tecnologia na investigação criminal e, por isso, criou a disciplina investigação criminal tecnológica.
Ele falou a respeito da tragédia ocorrida na semana passada e sobre o quão triste é se deparar com notícias desse tipo. “Esse tipo de tragédia comove todos nós, muito triste, lamentável mesmo! Por outro lado, é importante que os pais e responsáveis pelas crianças e adolescentes reflitam sobre os fatos. É muito importante que os pais saibam o que os filhos fazem no ambiente digital, com quem eles conversam, quais são seus grupos de amigos, que tipo de publicação realizam, quais conteúdos eles curtem, compartilham. A observação do que os filhos fazem na internet, especialmente nas redes sociais, tem que ser constante. Insisto sempre na necessidade dos pais manterem o diálogo constante com os filhos, de conversar e saber o que pensam e sentem. Também tenho defendido a instalação de programas de controle parental nos seus dispositivos informáticos. O aplicativo MyLink, do Google, é excelente para ser instalado no celular, sendo uma solução gratuita para acompanhar o que os filhos fazem neste dispositivo. Também é necessário que seja configurada a faixa etária do jovem no celular e aplicativos que ele utiliza. Por exemplo, se ele usa o Youtube, é importante restringir o tipo de conteúdo, conforme a idade. Se utiliza Netflix, também cabe configurar a idade para evitar acesso a conteúdo impróprio.
Ele afirma que os responsáveis devem acessar as configurações do Youtube e habilitar o modo restrito.
A grande maioria dos aplicativos permite habilitar algum tipo de controle baseado na faixa etária do usuário de computador
Para o especialista, os responsáveis devem acompanhar como anda a estabilidade emocional dos jovens, observar mudanças de comportamento, se estão muito tristes, preocupados, se há algo os incomodando, se estão vivenciando algum conflito na escola, nas redes sociais.
“A depressão é um problema muito grave e o caminho é submeter o jovem a um acompanhamento especializado. A atuação de um psicólogo, de um psiquiatra ou de qualquer outro profissional, conforme a necessidade, é imprescindível. Temos observado casos de jovens que utilizam as redes sociais, como o Facebook, o Instagram ou aplicativos de mensagens, como o WhatsApp e Instagram, sem a vigilância dos pais e muitas vezes ficam expostos a inúmeros riscos”, finalizou Doutor Higor Vinicius Nogueira Jorge.