Eleição dos bichos
A história de todas as nações ocidentais é repleta de personagens pitorescos e controversos – de Calígula, na Roma Antiga, a Donald Trump, nos Estados Unidos na idade contemporânea.
A história do Brasil não seria diferente e, entre as figuras importantes, também há alguns animais.
Histórias inusitadas aconteceram no tempo das cédulas de papel, onde os eleitores escreviam o nome de seus candidatos com “letras do próprio punho”, como se dizia. A prática permitia que as pessoas escrevessem qualquer coisa no campo destinado ao representante, o que gerava protestos e brincadeiras criativas. Depois, essas cédulas eram contadas manualmente em longas e tumultuadas seções de apuração, de onde saíam os eleitos.
O Cacareco era um rinoceronte do Zoológico do Rio de Janeiro e que foi emprestado ao prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, para que o mesmo tivesse uma novidade de peso na inauguração do Zoológico Paulista, onde virou atração principal. Vinda a eleição Municipal de 1959, o Cacareco recebeu cerca de 100 mil votos para vereador de São Paulo.
Esse foi um dos casos de voto de protesto ou voto nulo em massa de mais destaque na história da política brasileira, uma vez que ele se tornou o candidato mais votado do pleito. O partido mais votado não chegou a receber 95 mil votos. E, na nossa Estância, o tradicional Restaurante Cacareco recebeu esse nome em homenagem ao folclórico personagem.
Outro caso inusitado foi do chimpanzé Tião. Ele era um dos animais mais queridos do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. Nas eleições municipais de 1988, o jornal humorístico Casseta Popular (de onde surgiram alguns integrantes do programa Casseta & Planeta) sugeriu que o chimpanzé Tião fosse candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, pelo “Partido Bananista Brasileiro”. Os eleitores adoraram a sugestão e o macaco recebeu 400 mil votos, o que o colocaria como o 3º mais bem-colocado nos resultados, caso sua candidatura fosse validada. Tal fato colocou Tião no Guinness World Records como o chimpanzé a receber mais votos no mundo.
Esses bichos ficaram conhecidos como parte do Folclore Político Brasileiro. Na verdade, eles escondem coisas fundamentais: política não é brincadeira; e o povo não é besta. Agora com o voto eletrônico, a história pode se repetir: um animal pode ser eleito.