AVIÃO VOA DE RIO PRETO ATÉ SÃO PAULO COM UMA AVE PRESA NO ‘NARIZ’
Uma aeronave da Voepass Linhas Aéreas que decolou do aeroporto de Rio Preto voou por aproximadamente uma hora e meia até o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com um pássaro grudado em seu radome, popularmente conhecido como “nariz” do avião. O incidente de bird strike (colisão com ave) aconteceu na última quinta-feira ( 22).
Por meio de nota, a companhia aérea informou que a aeronave não apresentou nenhum sinal anormal e a tripulação optou por seguir com o voo, que pousou em segurança em seu destino final.
No dia anterior, 21 dezembro, um voo da Latam saindo do aeroporto de Rio Preto com destino a Guarulhos foi cancelado após a aeronave também colidir com um pássaro durante seu procedimento de decolagem. “Os passageiros desembarcaram normalmente, a aeronave entrou em manutenção e, por este motivo, o voo foi cancelado. A empresa ressalta que os passageiros foram reacomodados nos próximos voos disponíveis”, disse em nota a Latam.
Segundo a Aeroportos Paulistas (ASP), concessionária responsável pelo Aeroporto de Rio Preto, devido ao incidente, a aeronave da Latam permaneceu no hangar do aeroporto entre os dias 22 e 23 de dezembro para manutenção.
Colisões com aves não são raras nos aeroportos brasileiros. Dados do Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) mostram que, entre janeiro e novembro deste ano, 25 colisões entre aeronaves e animais ocorreram no aeroporto de Rio Preto. A maioria envolvendo urubus, quero-quero e gavião.
Em alguns casos, não foi possível identificar a espécie. No caso em que o pássaro ficou grudado no “nariz” do avião, a ave era um carcará. No outro caso, o pássaro não identificado.
Segundo Ruy Amparo, diretor de segurança e operações de voo da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), apesar do susto, os aviões são feitos para aguentar o impacto das colisões com aves. “Dados de 2021 mostram que 94% dos casos de colisões com aves acontecem no raio de 20 quilômetros do aeroporto, ou seja, durante o processo de decolagem e de pouso. É muito raro acontecer uma colisão quando o avião está a inúmeros metros do chão”.
Ruy explica que a localização do aeroporto de Rio Preto contribui para a ocorrência de colisões de aeronaves com aves. “No Brasil, temos muitos aeroportos que ficam próximos do centro urbano, ou que foram abraçados por ele, como é o caso de Rio Preto. O que acontece é que nesses centros urbanos existem diversas fontes de alimentos para essas aves, como supermercados, depósitos de grãos e até árvores frutíferas. Isso facilita a permanência das aves ao redor dos aeroportos”.
Segundo a Abear, em 2021, a taxa foi de 24 colisões a cada dez mil decolagens. “Também chama a atenção que, normalmente, é mais frequente essas colisões nos períodos mais quentes, como primavera”, explicou Ruy.
Como forma de evitar colisões com aves, a Aeroportos Paulistas disse que realiza, regularmente, ações de gerenciamento de risco de fauna em todos os aeroportos sob sua gestão. “Os eventos desta natureza são registrados pela concessionária ao Cenipa”. Diário da Região.