AVALIAÇÃO NÃO-GERENCIALISTA

Publicado em 24/02/2023 00:02

Continuação
O presente artigo é continuação do anterior que tratava da avaliação gerencialista. Então, agora, vamos compreender o desenvolvimento da avaliação não-gerencialista.
O estudo de políticas públicas campo fértil das ciências sociais, principalmente no contexto acadêmico, em curso de pós graduação e nas linhas de pesquisa de instituições.
Problemas apontados por Melo (1999):
Escassa acumulação de conhecimento na área.
Abundância de estudos setoriais (estudo de caso, sem fortalecer os aspectos analíticos do tema).
Influência dos órgãos governamentais que pautariam as agendas da pesquisa.
Os chamados estudos de ‘primeira geração’: concentram-se na implementação das políticas públicas. Necessidade de superar, pois esses estudos são concentrados nos fracassos, desligados das questões políticas e com destaque para os processos racionais (desvinculados de aspectos políticos).
Aí então, segundo Souza (2003) deve-se estimular os estudos da chamada ‘segunda geração’: com ênfase no desenvolvimento de políticas analíticas e na identificação das variáveis que causam impacto sobre os resultados das políticas públicas.
Essas avaliações (viés top-dawn – (o significado de top down é “de cima para baixo”. Ou seja, um método que visa a arquitetura da gestão que começa por uma abordagem geral e desce até níveis específicos). Assim os resultados seriam utilizados para correções de rumo da política em questão.
Para Souza (2003) ganham relevância as análises bottom-up, ‘segunda geração’ (significado estratégia de análise de ações bottom-up é o oposto da análise top-down). Enquanto a última faz uma análise “de cima para baixo”, a bottom-up analisa um ativo “de baixo para cima”).
Observa os autores que: concentra-se na análise naqueles que decidem a política: assim o foco está na ação dos implementadores, na natureza do problema e nas redes que permitem a adoção.
Frey (2000) defende a polítca bottom-up, pois ‘é preciso uma adaptação do conjunto de instrumentos de análise de políticas públicas às condições peculiares das sociedades em desenvolvimento’.
Ainda Frey destaca: A avaliação de uma política pública deve necessariamente envolver a análise da policy network (A policy network: análise de rede de políticas públicas, objetiva investigar as interações das diferentes instituições e grupos tanto do Executivo, do Legislativo como da sociedade na gênese e na implementação de uma determinada policy).
Deve também levar em consideração a policy arena (A policy arena são os processos de conflito e de consenso dentro das diversas áreas de política, sejam eles de distribuição de recursos a grande parte da sociedade; a redistribuição de recursos de uma finalidade para atender outra, considerada prioritária; normatização por meio de decretos, leis, portarias), onde os graus de conflito podem ser distinguidos pelo caráter distributivo, redistributivo, regulatório ou constitutivo das políticas.
Por fim, destaca Frey que as redes e arenas podem mudar com o tempo, destaca a importância de ter em mente a complexidade temporal dos processos político administrativos, que podem ser observados na análise dos ciclos políticos.
Essa avalição ‘não-gerencialista’ não tem um arcabouço metodológico como tem a avaliação ‘gerencialista’, segundo os autores.
Por que: porque as ciências econômicas têm dialogado pouco com a Sociologia e com a Ciência Política. Essas duas têm avançado na compreensão dos processos de participação popular.

Última Edição